New York Times denuncia ataques de hackers chineses

WASHINGTON, 01 Fev 2013 (AFP) - Hackers chineses invadiram o sistema do jornal New York Times nos últimos quatro meses, enquanto The Wall Street Journal também reportou nesta quinta-feira ataques cibernéticos semelhantes.

No caso do Times, os ataques começaram depois da publicação, em 25 de outubro, de um artigo sobre a fortuna da família do primeiro-ministro Wen Jiabao. Assim, analistas sugerem que o governo chinês está por trás das ações.

O jornal afirma que conseguiu evitar novas invasões com a ajuda de especialistas.

"Os hackers chineses utilizaram métodos que foram associados pelos consultores com os que eram usados no passado pelo exército chinês para entrar na rede do Times", destacou o jornal, que citou indícios detectados por analistas de segurança.

Segundo o Times, os hackers se infiltraram nos sistemas computarizados durante os últimos quatro meses para roubar senhas dos funcionários.

Horas depois, outro conhecido periódico americano, The Wall Street Journal, informou que seus computadores tinham sido invadidos por hackers chineses para que seus jornalistas que cobrem informações sobre a China fossem espionados.

O diário indicou em um artigo que os ataques tinham "o objetivo aparente de vigiar a cobertura do jornal na China" e sugerem que a espionagem por parte de chineses dos meios americanos "se tornou um fenômeno generalizado".

"A evidência mostra que os esforços de infiltração têm como objetivo o acompanhamento da cobertura de nosso periódico na China, e não são uma tentativa de obter uma vantagem comercial ou de se apropriar indevidamente das informações dos clientes", indicou em um comunicado Paula Keve, integrante do 'primo' do periódico Dow Jones, uma unidade da News Corp., do magnata Rupert Murdoch.

O diário não forneceu as datas dos ataques, mas indicou que nesta quinta-feira concluiu uma revisão da rede para reforçar a segurança cibernética.

"Temos a intenção de manter o jornalismo agressivo e independente pelo qual somos conhecidos", afirmou Keve.

O governo da China não demorou a responder e afirmou que as acusações "não têm fundamento".

"As autoridades competentes chinesas deram uma resposta clara às acusações sem fundamento feitas pelo New York Times", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hong Lei.

Segundo o NYT, os hackers entraram nas contas de e-mail do chefe do escritório de Xangai, David Barboza, autor da reportagem sobre a fortuna dos parentes de Wen Jiabao, e do ex-chefe do escritório em Pequi Jim Yardley que atualmente é o editor do jornal para o sudeste asiático, com base na Índia.

"Poderiam ter feito estragos em nossos sistemas", declarou o diretor de comunicação Marc Frons.

Segundo o NYT, os principais alvos eram as mensagens eletrônicas de David Barboza.

"Parece que buscavam os nomes das pessoas que forneceram informações a Barboza".

O jornal pediu à AT&T que vigie sua rede, em particular atividades pouco comuns depois que fontes do governo chinês afirmaram que a reportagem sobre a riqueza dos parentes Wen Jiabao teria "consequências".

O FBI foi informado sobre os ataques. O NYT recorreu à empresa de segurança virtual Mandiant em 7 novembro, quando os ataques começaram a ser repetidos.

"Caso cada ataque seja examinado por separado, é possível dizer 'é o exército chinês'", declarou o diretor de segurança da Mandiant, Richard Bejtlich.

O ministro chinês da Defesa rejeitou qualquer vínculo entre os atos e o governo. Também disse que as acusações "não têm nada profissional nem têm fundamento".

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