Comércio é mais um dado preocupante para a China
O governo citou a crescente concorrência internacional e "atritos" com os sócios comerciais.
As exportações chinesas recuaram 6,6% em março na comparação com o mesmo mês em 2013, a a 170,1 bilhões de dólares.
As importações registraram queda de 11,3% em ritmo anual,a US$ 162,4 bilhões.
Os números surpreenderam os analistas, já que 16 economistas consultados pela agência Dow Jones Newswires apostavam em uma alta de 4,2% das exportações e de 2,8% das importações.
Os dados de março representam, no entanto, um retorno ao superávit comercial (US$ 7,7 bilhões), após o inesperado déficit de 22,98 bilhões de dólares registrado em fevereiro.
Os números decepcionantes de março representam um novo sinal de alerta para a China, onde a atividade manufatureira está em contração há vários meses e o consumo interno não decola.
O governo reconheceu as adversidades que o comércio exterior enfrenta, mas pediu que as dificuldades "não sejam exageradas".
"Neste momento, as vantagens competitivas da China nos intercâmbios comerciais tradicionais estão sendo ofuscadas por fatores negativos, como a concorrência crescente de países vizinhos e as divergências comerciais com os principais sócios", disse um porta-voz da Alfândega, em uma referência às disputas de Pequim com União Europeia e Estados Unidos.
À margem de outras considerações, os analistas do banco ANZ destacam o caráter "pouco estimulante" da demanda chinesa de matérias-primas, apesar do aumento de 14,6% em ritmo anual das importações de minério de ferro.
Segundo uma opinião generalizada, a queda nas importações chinesas é sintoma de uma demanda interna sem intensidade, um assunto que preocupa as autoridades.
"As importações permanecerão relativamente contidas (nos próximos meses), já que o freio dos investimentos provavelmente afetará as importações de matérias-primas e de bens de equipamento", disse Julian Evans-Pritchard, analista do Capital Economics.
O pequeno pacote de estímulo adotado na semana passada por Pequim - isenções fiscais e programas de reforma urbana - foram bem recebidos pelos mercados.
Mas o primeiro-ministro Li Keqiang advertiu que as pessoas não devem esperar novas medidas de apoio à economia a curto prazo.
"Não vamos recorrer a medidas de estímulo a curto prazo, pois damos importância às ações profundas de médio e longo prazo", disse no Fórum Asiático de Boao (sul da China).
O país registrou em 2013 um crescimento econômico de 7,7%, o menor em 14 anos, e há alguns meses passa por uma desaceleração da produção manufatureira.
Pequim deseja, desde o ano passado, alterar o modelo econômico do país para o consumo interno, ao invés de prosseguir com os investimentos em infraestruturas e em um setor industrial que sofre de capacidade excessiva, mas com a manutenção do crescimento.