Milionário e inimigo do crime organizado disputam Presidência do Paraguai

ASUNCIõN, 19 Abr 2013 (AFP) - Um milionário recém-chegado à política e um senador governista conhecido por sua luta contra o crime organizado disputam neste domingo a Presidência do Paraguai, um dos países mais pobres da América do Sul, suspenso dos blocos regionais após a destituição do ex-mandatário esquerdista Fernando Lugo.

Segundo todas as pesquisas, a disputa ficará entre o rico empresário do tabaco de 56 anos, Horacio Cartes, do Partido Colorado opositor (direita conservadora), e o senador e ex-ministro de Obras Públicas de Lugo, de 50 anos, Efraín Alegre, do governante Partido Liberal (direita liberal).

Com a eleição do sucessor de Federico Franco, que assumiu após o julgamento político que tirou Lugo do poder em junho passado, o Paraguai, quarto maior exportador de soja do mundo e décimo de carne, busca a normalização institucional depois de ter sido suspenso do Mercosul e a Unasul pelos aliados políticos do ex-mandatário.

Em um país amplamente marcado pela corrupção, pela pirataria e pela impunidade, e conhecido como o segundo maior produtor mundial de maconha e rota da cocaína boliviana, a campanha eleitoral foi marcada por uma intensa troca de insultos e por referências à "narcopolítica", assim como pelo desvia de recursos estatais.

Cartes, Conhecido por suas conquistas à frente de um grupo de 25 empresas e como presidente do clube de futebol Libertad, é um 'outsider' da política que se filiou ao Partido Colorado em 2009 e votou pela primeira vez em sua vida um ano depois.

O bem-sucedido empresário assegura que não só será capaz de levar os colorados de volta ao poder, do qual foram retirados em 2008 por Lugo depois de 61 anos ininterruptos, como é o mais bem preparado para captar investimentos e combater a pobreza, que, segundo a Cepal, aflige 49,5% da população.

"Se Deus me deu habilidades na vida empresarial, acredito ter condições para usar essas habilidades na política", disse em entrevista à AFP Cartes, um homem divorciado com três filhos que se apresenta como um pai para todos os jovens paraguaios.

Já Alegre, um advogado que se define como de centro-esquerda e que militou desde muito jovem contra a ditadura do general Stroessner (1954-1989), tem como principal bandeira o combate à pobreza, principalmente no campo, onde se concentra 85% da indigência. Para isso, ele promete criar cerca de 200.000 postos de trabalho por ano.

Apoiado por uma aliança com colorados dissidentes e com os seguidores do caudilho Lino Oviedo, falecido em fevereiro em um acidente de helicóptero durante sua campanha, Alegre, casado e pai de quatro filhos, disse representar o "Paraguai decente contra o Paraguai das máfias" e acusa seu rival de ligações com o narcotráfico.

Cartes "é a reafirmação do modelo do contrabando, da máfia, da pirataria", disse Alegre à AFP.

Entre os colorados, os liberais são chamados de "quadrilha de ladrões", responsáveis pelo desvio de cerca de 25 milhões de dólares, na época em que Alegre era ministro de Obras Públicas.

A esquerda, separada da aliança com os liberais que levou Lugo ao poder, se apresenta em dois grandes grupos: a Aliança País, uma união de formações democrata-cristãs e correntes marxistas históricas, e a Frente Guasú (FG, Frente Grande, em guarani), que reúne movimentos socialistas ruralistas liderados por Lugo.

O ex-presidente e ex-bispo católico de San Pedro, um dos departamentos mais pobres do país, foi destituído pelo Congresso no dia 22 de junho de 2012 por "mal desempenho de suas funções" após um conflito de terras em Curuguaty, 250 km a nordeste de Assunção, que deixou 17 mortos.

No momento, como primeiro candidato ao Senado pelo FG, Lugo, para quem o processo que o derrubou do poder foi um "golpe parlamentar" de liberais e colorados, acredita que a esquerda se consolidará como a terceira força parlamentar e chegará ao poder em 2018.

Cerca de 3,5 milhões de paraguaios foram convocados a votar no domingo, quando serão eleitos o próximo chefe de Estado, seu vice-presidente, 45 senadores, 80 deputados, governadores dos 17 departamentos e membros de juntas departamentais por um período de cinco anos.

Pela primeira, cerca de 22.000 paraguaios que vivem em Estados Unidos, Argentina e Espanha poderão votar.

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