Lideranças se preocupam com democracia no Egito, mas evitam falar de golpe
PARIS, 04 Jul 2013 (AFP) - A comunidade internacional se mostrou disposta, nesta terça-feira, a trabalhar com as novas autoridades do Egito e, apesar de muitos países terem pedido um rápido retorno à ordem constitucional, nenhuma potência ocidental classificou a queda de Mohamed Mursi como um golpe de Estado militar.
Uma das reações mais incisivas foi a da Alemanha, cujo ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, considerou a intervenção dos militares como "um grande fracasso para a democracia no Egito".
"O Egito precisa voltar à ordem constitucional urgentemente", afirmou.
Algumas horas depois da destituição do primeiro presidente egípcio eleito democraticamente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se disse "profundamente preocupado" com a situação do país árabe, que recebe uma ajuda militar substancial do governo americano.
"Peço aos militares egípcios que cedam toda a autoridade a um governo civil democraticamente eleito através de um processo aberto e transparente, de forma rápida e responsável", afirmou Obama.
Sem classificar a tomada de poder pelos militares de golpe de Estado, Obama apenas anunciou que pediria às agências e ministérios envolvidos para estudarem as "implicações" legais da nova situação, já que, de acordo com a legislação americana, o país não pode enviar essa ajuda a uma nação onde tenha ocorrido um golpe de Estado.
Os Estados Unidos também ordenaram que seus funcionários deixassem a embaixada do país no Cairo.
A Grã-Bretanha, por sua vez, anunciou que vai cooperar com as novas autoridades. "Não apoiamos intervenções militares em um sistema democrático", disse o chefe da diplomacia britânica, William Hague, "mas vamos trabalhar com as autoridades do Egito".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu o restabelecimento rápido do governo civil. "É preciso restabelecer um governo civil que reflita as aspirações do povo o quanto antes", declarou.
A China declarou que respeita "a escolha do povo egípcio" e também estimulou o diálogo e a reconciliação.
Já a Rússia pediu "moderação" às forças políticas do Egito para que o país permaneça no caminho "democrático".
"Consideramos importante que todas as forças políticas do Egito deem mostras de moderação e demonstrem com atos a vontade de resolver os problemas políticos e socioeconômicos democraticamente", declarou o país através de um comunicado.
Menos diplomático, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Duma (Câmara Baixa russa), Alexei Pushkov, avaliou que "a Primavera Árabe não trouxe democracia, mas sim caos".
A União Europeia também convocou todas as partes envolvidas a "voltarem rapidamente ao processo democrático", com novas eleições presidenciais, como prometeram os militares ao suspenderem a Constituição.
O bloco europeu evitou se referir a um golpe de Estado e pediu que os direitos do presidente Mursi sejam respeitados.
A França está atenta à promessa dos militares do Egito de convocar novas eleições, que ainda não têm data prevista. O chanceler francês, Laurent Fabius, quer "que sejam estabelecidos prazos em respeito à paz civil, ao pluralismo, às liberdades individuais e às conquistas da transição democrática, para que o povo egípcio possa escolher livremente seus líderes e seu futuro".
Na região, o rei Abdallah da Arábia Saudita foi o primeiro líder estrangeiro a parabenizar o novo presidente interino, Adly Mansour - antes mesmo de Mansour ter prestado juramento. Abdallah o chamou de "presidente da irmã República Árabe do Egito".
A Síria, país com que Mursi havia rompido relações, avaliou que a queda do líder foi uma "grande conquista".
Enquanto isso, o governo de Israel não quis opinar sobre a crise no Egito, primeiro país árabe com o qual os israelenses estabeleceram um acordo de paz, em 1979.
"É um problema interno do Egito", afirmou o ministro dos Transportes, Israel Katz. Porém, segundo um representante que preferiu não se identificar, "a situação atual tem repercussões em todo o mundo árabe, o que causa uma certa preocupação em Israel".
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, saudou o novo presidente egípcio "nesta fase de transição" e elogiou "o papel das Forças Armadas para impedir que o país caísse em um futuro desconhecido".
O Irã disse respeitar "a vontade do povo" egípcio e insistiu na "necessidade de que as reivindicações legítimas sejam atendidas", declarou o porta-voz da chancelaria, Abas Araghchi.
O Catar afirmou que continuará apoiando o Egito, mas não saudou o novo presidente interino.
As autoridades turcas criticaram a intervenção militar, argumentando que isso não reflete a vontade popular e pediram que o Egito "retorne para a ordem democrática".
"A troca de poder no Egito não foi resultado da vontade popular, não foi de acordo com as leis democráticas. Aqueles que acreditam na democracia deveriam se opor naturalmente à forma como as autoridades foram trocadas" no país, afirmou o vice-primeiro-ministro, Bekir Bozdag.
bur-pa/ahg/mc/dm
Uma das reações mais incisivas foi a da Alemanha, cujo ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, considerou a intervenção dos militares como "um grande fracasso para a democracia no Egito".
"O Egito precisa voltar à ordem constitucional urgentemente", afirmou.
Algumas horas depois da destituição do primeiro presidente egípcio eleito democraticamente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se disse "profundamente preocupado" com a situação do país árabe, que recebe uma ajuda militar substancial do governo americano.
"Peço aos militares egípcios que cedam toda a autoridade a um governo civil democraticamente eleito através de um processo aberto e transparente, de forma rápida e responsável", afirmou Obama.
Sem classificar a tomada de poder pelos militares de golpe de Estado, Obama apenas anunciou que pediria às agências e ministérios envolvidos para estudarem as "implicações" legais da nova situação, já que, de acordo com a legislação americana, o país não pode enviar essa ajuda a uma nação onde tenha ocorrido um golpe de Estado.
Os Estados Unidos também ordenaram que seus funcionários deixassem a embaixada do país no Cairo.
A Grã-Bretanha, por sua vez, anunciou que vai cooperar com as novas autoridades. "Não apoiamos intervenções militares em um sistema democrático", disse o chefe da diplomacia britânica, William Hague, "mas vamos trabalhar com as autoridades do Egito".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu o restabelecimento rápido do governo civil. "É preciso restabelecer um governo civil que reflita as aspirações do povo o quanto antes", declarou.
A China declarou que respeita "a escolha do povo egípcio" e também estimulou o diálogo e a reconciliação.
Já a Rússia pediu "moderação" às forças políticas do Egito para que o país permaneça no caminho "democrático".
"Consideramos importante que todas as forças políticas do Egito deem mostras de moderação e demonstrem com atos a vontade de resolver os problemas políticos e socioeconômicos democraticamente", declarou o país através de um comunicado.
Menos diplomático, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Duma (Câmara Baixa russa), Alexei Pushkov, avaliou que "a Primavera Árabe não trouxe democracia, mas sim caos".
A União Europeia também convocou todas as partes envolvidas a "voltarem rapidamente ao processo democrático", com novas eleições presidenciais, como prometeram os militares ao suspenderem a Constituição.
O bloco europeu evitou se referir a um golpe de Estado e pediu que os direitos do presidente Mursi sejam respeitados.
A França está atenta à promessa dos militares do Egito de convocar novas eleições, que ainda não têm data prevista. O chanceler francês, Laurent Fabius, quer "que sejam estabelecidos prazos em respeito à paz civil, ao pluralismo, às liberdades individuais e às conquistas da transição democrática, para que o povo egípcio possa escolher livremente seus líderes e seu futuro".
Na região, o rei Abdallah da Arábia Saudita foi o primeiro líder estrangeiro a parabenizar o novo presidente interino, Adly Mansour - antes mesmo de Mansour ter prestado juramento. Abdallah o chamou de "presidente da irmã República Árabe do Egito".
A Síria, país com que Mursi havia rompido relações, avaliou que a queda do líder foi uma "grande conquista".
Enquanto isso, o governo de Israel não quis opinar sobre a crise no Egito, primeiro país árabe com o qual os israelenses estabeleceram um acordo de paz, em 1979.
"É um problema interno do Egito", afirmou o ministro dos Transportes, Israel Katz. Porém, segundo um representante que preferiu não se identificar, "a situação atual tem repercussões em todo o mundo árabe, o que causa uma certa preocupação em Israel".
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, saudou o novo presidente egípcio "nesta fase de transição" e elogiou "o papel das Forças Armadas para impedir que o país caísse em um futuro desconhecido".
O Irã disse respeitar "a vontade do povo" egípcio e insistiu na "necessidade de que as reivindicações legítimas sejam atendidas", declarou o porta-voz da chancelaria, Abas Araghchi.
O Catar afirmou que continuará apoiando o Egito, mas não saudou o novo presidente interino.
As autoridades turcas criticaram a intervenção militar, argumentando que isso não reflete a vontade popular e pediram que o Egito "retorne para a ordem democrática".
"A troca de poder no Egito não foi resultado da vontade popular, não foi de acordo com as leis democráticas. Aqueles que acreditam na democracia deveriam se opor naturalmente à forma como as autoridades foram trocadas" no país, afirmou o vice-primeiro-ministro, Bekir Bozdag.
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