Agência nuclear classifica reunião com Irã de 'muito construtiva'


VIENA, 27 Set 2013 (AFP) - A AIEA, a agência atômica da ONU, declarou nesta sexta-feira ter realizado negociações "muito construtivas" com o Irã, no mais recente sinal potencialmente positivo desde a posse do moderado Hassan Rohani como presidente do país.

Após diversas reuniões na Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada nesta semana em Nova York, Herman Nackaerts, inspetor-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, afirmou em Viena que os dois lados voltarão a se encontrar no dia 28 de outubro.

"Vamos iniciar discussões substanciais (em 28 de outubro) no caminho para resolver todas as questões pendentes", declarou Nackaerts a repórteres. "As conversas foram muito construtivas", afirmou.

O novo enviado do Irã na AIEA, Reza Najafi, afirmou que ambos os lados tiveram "discussões construtivas sobre diversas questões".

Rohani, por sua vez, declarou que seu país nunca se afastará dos compromissos que assumir nas negociações sobre seu programa nuclear, ao mesmo tempo em que anunciou que o Irã apresentará um novo plano na próxima reunião em Genebra.

"Na próxima reunião em Genebra, o Irã irá propor seu plano ao 5+1 (Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, China, França e Alemanha)", disse o presidente a jornalistas, acrescentando que "nunca nos afastaremos de nossos compromissos".

A AIEA inspeciona regularmente as atividades nucleares do Irã e a cada trimestre seus relatórios ressaltam uma contínua expansão, desafiando as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Os países ocidentais desejam que a AIEA mantenha um controle estrito sobre o Irã para detectar qualquer tentativa de produzir urânio altamente enriquecido visando a construção de uma bomba atômica.

Mas o foco principal das negociações desta sexta-feira era o desejo da AIEA de que o Irã abordasse as alegações de que antes de 2003, e possivelmente desde então, realizou pesquisas para produzir uma arma nuclear real.

A agência falhou em 10 reuniões realizadas desde o início de 2012 em pressionar o Irã a conceder acesso aos seus funcionários, locais e documentos relacionados a estas atividades, divulgadas em um importante relatório lançado em novembro de 2011 pela AIEA.

As acusações foram baseadas, em grande parte, em informações fornecidas à AIEA por agências de espionagem como a CIA americana e o Mossad israelense, órgãos criticados pelo Irã, que alega que não tiveram acesso as suas atividades.

Os locais incluem a base militar de Parchin, onde a AIEA deseja investigar as acusações de que cientistas realizaram testes explosivos que seriam "fortes indicadores de um possível desenvolvimento de uma arma nuclear".

Os países ocidentais acusaram o Irã de esconder as evidências em Parchin, e o chefe da AIEA, Yukiya Amano, afirmou em junho que intensos trabalhos de construção denunciados por satélites significam "que pode não ser mais possível encontrar algo mesmo se tivermos acesso".



Quebra-cabeças

Mas as esperanças de que algum progresso seja feito estão com Rohani, que, desde sua posse, apresenta um Irã com atitudes muito mais conciliadores do que as apresentadas sob a presidência de seu antecessor, o linha-dura Mahmud Ahmadinejad.

O encontro desta sexta-feira foi a primeira reunião da AIEA envolvendo Najafi, que chegou em Viena no início deste mês professando uma "forte vontade política" para se envolver.

"Comemoramos os recentes acontecimentos e declarações feitas pelo Irã sobre a sua vontade de se envolver, de resolver a questão nuclear de forma rápida", declarou Nackaerts ao entrar na reunião.

Na quinta-feira, o novo ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, se reuniu com seus colegas dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, além da Alemanha (o chamado grupo 5+1) na Assembleia Geral das Nações Unidas, incluindo o secretário americano de Estado, John Kerry.

Kerry qualificou o encontro como "uma mudança de tom e de visão" por parte do Irã, mas advertiu que ainda há "muito trabalho a fazer".

bur-stu/mfp/ma

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