Brasil e Peru consolidam aliança com visita de Dilma

LIMA, 11 Nov 2013 (AFP) - A presidente Dilma Rousseff iniciou nesta segunda-feira uma visita oficial ao Peru, que deverá aprofundar a aliança estratégica assinada há dez anos entre os dois países.

Novos acordos de cooperação em infraestrutura, comércio e temas sociais serão firmados nesta ocasião.

Pela manhã, Dilma assinou uma declaração conjunta com o presidente peruano, Ollanta Humala, no Palácio do Governo. A presidente brasileira chegou acompanhada por 60 empresários que participarão de um fórum de negócios com líderes de empresas de ambos os países. Nesse encontro, serão exploradas novas oportunidades comuns de investimento.

"O Brasil investiu US$ 6 bilhões no Peru, com mais de 70 empresas no país, incluindo as principais multinacionais brasileiras", enfatizou Dilma antes de sua chegada, em uma mensagem no microblog Twitter, referindo-se também à importância da atual relação entre os vizinhos.

Peru e Brasil, que compartilham uma tensa fronteira e têm seus territórios banhados pelo Amazonas, darão particular destaque ao cuidado com o meio ambiente por meio de um acordo relativo à monitoração e à vigilância da região amazônica.

Outros compromissos abordam a redução de tarifas da telefonia móvel nas zonas de fronteira para a vigência de preços locais, e não internacionais, assim como um acordo de cooperação trabalhista orientado a dar facilidades aos trabalhadores de ambos os países.

Segundo o acordo previsto, cidadãos peruanos e brasileiros poderão trabalhar em um país, ou outro, precisando apenas apresentar seus documentos. Assim, deixam de ser necessários vistos, ou permissões de trabalho.

O presidente da Câmara Binacional de Comércio e Integração, Miguel Vega Alvear, disse à AFP que o Brasil "está em condições de quintuplicar seus investimentos no Peru durante os próximos 20 anos", passando de US$ 6 bilhões para mais de US$ 30 bilhões.

O empresário peruano se referiu a uma nova agenda para um cenário de duas décadas de cooperação nas áreas de energia, hidrovias, petroquímica, estradas, têxtil, turismo, entre outros.

"Na aliança estratégica para os próximos 20 anos, o Brasil será o sócio industrial e tecnológico, e o Peru, a porta para que o comércio brasileiro tenha melhores acessos aos mercados da Ásia-Pacífico", acrescentou Vega Alvear.

Na última década, Brasil e Peru consolidaram projetos comuns de infraestrutura, desenvolvimento e segurança fronteiriça, educação, agricultura e programas sociais.



-- A importância da ferrovia -- Um dos projetos de infraestrutura que os dois países tentarão por em andamento é a construção de uma ferrovia que una os portos do Brasil e do sul do Peru, através da Amazônia e da serra de Cuzco. Esse projeto é considerado essencial para conseguir um aumento do fluxo comercial Atlântico-Pacífico, mas tem suas complexidades, disse à AFP uma fonte diplomática brasileira em Lima.

"Necessariamente, é preciso passar pela Amazônia, onde há questões ambientais e terras indígenas. Depois disso, estão as dificuldades da zona de montanha em Cuzco, onde é preciso fazer túneis para um trem", disse a fonte, que pediu para não ser identificado.

Com o início do século XXI, observou-se a migração do comércio mundial do Atlântico para o Pacífico e, hoje, 59% do comércio mundial se desenvolve pela bacia do Pacífico, afirmou Vega Alvear.

"Por isso, para o Brasil, o Peru é hoje um sócio indispensável", completou, acrescentando que, "nos últimos dez anos, houve mais encontros empresariais e entre os governos dos dois países do que nos últimos 180 anos".

A balança comercial entre os dois países cresceu nos últimos seis anos acima dos 8% em média, de US$ 2,3 bilhões para US$ 3,7 bilhões anuais, de acordo com números da Associação Peruana de Exportações.

A visita de Dilma é a quarta ao Peru. Essa será a oitava ocasião que ela se encontrará com Humala. A agenda da presidente brasileira inclui ainda uma cerimônia na prefeitura de Lima, onde Dilma será declarada hóspede ilustre pela prefeita da capital, Susana Villarán.

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