Manifestações da Irmandade Muçulmana deixam 3 mortos e 265 presos no Egito

CAIRO, 27 dez 2013 (AFP) - Três pessoas morreram em confrontos entre islamitas e adversários destes em todo o Egito, e a polícia deteve 265 pessoas ao reprimir manifestações da Irmandade Muçulmana, informou o Ministério do Interior.

As prisões e os confrontos ocorrem dois dias após o governo egípcio declarar a Irmandade Muçulmana, grupo ao qual pertence o presidente deposto, Mohamed Mursi, como uma organização terrorista. O governo militar também proibiu a realização de protestos por membros do grupo.

"As ações da Irmandade causaram a morte de três cidadãos, em confrontos com moradores", destacou o Ministério em um comunicado.

O porta-voz do Ministério do Interior, Hany Abdel Latif, acusou os manifestantes de usar armas de fogo e coquetéis molotov, declarando à AFP que eles "intensificaram a violência" nos protestos desta sexta-feira.

O Ministério do Interior informou, ainda, que a polícia prendeu 265 "elementos da Irmandade" nos confrontos.

"Medidas legais estão sendo tomadas contra elementos da da Irmandade de acordo com a inclusão, de parte do governo, da Irmandade Muçulmana como uma organização terrorista", informou o Ministério em um comunicado.

A inclusão do grupo na lista de organizações terroristas traz duras penalidades. Seus líderes podem ser sentenciados à morte e os manifestantes, condenados a penas de até cinco anos de prisão.

No Cairo, uma coluna de fumaça negra se erguia sobre a zona de dormitórios da Universidade Al-Azhar, de onde os manifestantes respondiam a pedradas à polícia, que lançava bombas de gás lacrimogêneo, o último de uma série de protestos que descambou para a violência.

À noite, o ministério do Interior informou que um homem foi morto em confrontos nos arredores da universidade entre estudantes islamitas e civis contrários a eles.

A polícia parecia querer tirar de circulação quaisquer suspeitos de manifestantes nesta sexta-feira e mais de uma dúzia de veículos blindados se dirigiu à mesquita do Cairo após informes de que membros da Irmandade se reuniram lá.

Policiais faziam buscas em prédios vizinhos à procura de suspeitos e levaram dois homens em um carro.

Na cidade de Samalut, pertencente à província de Minya, ao sul do Cairo, um manifestante morreu baleado nesta sexta-feira nos confrontos com a polícia, declarou o funcionário de um hospital local à AFP.

Outras confrontos foram registrados em Ismailiya, junto ao canal de Suez, segundo jornalistas da AFP.

A decisão sem precedentes de colocar a Irmandade na lista negra ocorreu um dia depois de um atentado suicida contra um prédio da polícia matar 15 pessoas.

O governo responsabilizou a Irmandade pelo ataque, apesar da reivindicação de responsabilidade de um grupo jihadista, baseado no Sinai.

As tensões aumentaram ainda mais depois que uma bomba caseira explodiu perto de um ônibus na quinta-feira, ferindo cinco pessoas.

A Irmandade, que condenou o atentado da terça-feira, havia denunciado sua inclusão como organização terrorista e prometeu continuar a organizar protestos pacíficos.

"Continuemos com força e pacificamente uma nova onda de ações majestosas contra o golpe de Estado", destacou em um comunicado a Aliança contra o Golpe de Estado, chefiada pela Irmandade Muçulmana.

A organização mantém protestos quase diários desde que o exército depôs Mursi, em 3 de julho, apesar de uma repressão que matou mais de 1.000 pessoas, a maioria islamitas, e levou à prisão outros milhares.

A Irmandade renunciou ao uso da violência nos anos 1970 e condenou a recente onda de ataques de militantes baseados no Sinai, que matou mais de 100 soldados e policiais, sobretudo na península situada na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza.

Mas o governo interino acusa a Irmandade de usar a violência para desbancar a transição para um governo eleito, com a previsão de um referendo sobre a nova Constituição para janeiro seguido de eleições parlamentares e presidenciais.

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