Estudantes opositores prometem ocupar centro de Caracas
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Juan Barreto/AFP
Guarda Nacional dispara bombas de gás lacrimogênio contra manifestantes
Organizações estudantis da Venezuela convocaram nesta terça-feira uma mobilização para quarta-feira, no centro de Caracas, quando completa um mês das manifestações contra o governo de Nicolás Maduro, que resultaram por ora em 21 mortos em todo o país.
"O movimento estudantil faz uma convocação nacional para 12 de março, com concentração na Praça Venezuela, de onde marcharemos até a Defensoria do Povo", afirmou Carlos Vargas, dirigente estudantil da Universidade Católica Andrés Bello, que promove o protesto junto com outros representantes de distintos estabelecimentos de ensino.
A mobilização foi marcada para o mesmo lugar onde, no sábado e segunda-feira, as forças de ordem impediram a realização de manifestações.
"Apelamos à consciência dos venezuelanos para que não nos abandonem nesta luta. Por isso, convocamos os trabalhadores, as mães, os pais, os sindicalistas, os sindicatos", acrescentou Juan Quintana, da Universidade Humbolt.
Maduro reagiu à medida afirmando que os opositores não entrarão no centro de Caracas: "esta passeata não está autorizada".
"Não vou deixá-los entrar. Estão com um plano violento (...) e seria louco se permitisse isto", disse o presidente na estreia de seu programa de rádio "Em contato com Maduro".
Durante o discurso foram registrados confrontos entre jovens manifestantes que tentavam atacar infraestruturas do governo e bloquear avenidas no município de Chacao, ao leste de Caracas, e foram dispersados pelas forças de segurança.
A passeata corre o risco de cruzar com a marcha chavista de "jovens e estudantes", convocada nesta terça pelo ministro da Educação, Héctor Rodríguez.
No dia 12 de fevereiro, após um apelo das organizações estudantis, Caracas foi tomada por um dos maiores protestos opositores da história, acompanhado por manifestações em San Cristóbal (oeste) e em outras cidades do país.
Os protestos da oposição aumentaram e algumas passeatas contaram com milhares de pessoas, que criticaram a inflação de 56% ao ano, a falta de produtos básicos e a repressão policial.
Vinte e uma pessoas morreram nos protestos do último mês.
O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reafirmou nesta terça-feira que o governo Maduro enfrentou "uma tentativa violenta de golpe", que já foi neutralizada.
"Vim representando Maduro, que, como todos sabemos, está enfrentando uma tentativa violenta de golpe que já neutralizamos", declarou aos jornalistas ao chegar no Chile, para a posse da presidente Michelle Bachelet.
Maduro suspendeu de última hora sua viagem para participar na cerimônia de posse.
A Venezuela rejeitou a mediação externa por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas aceita uma reunião dos países da União Sul-americana de Nações (Unasul) para tratar da situação no país.
Essa reunião de chanceleres da Unasul foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff, que também viajou ao Chile.
"Os presidentes ordenaram a seus ministros das Relações Exteriores que celebrem uma reunião amanhã (quarta-feira) para criar uma comissão (...) para que o diálogo construa um ambiente de acordo, de consenso e de estabilidade na Venezuela", indicou Dilma, segundo um comunicado difundido nesta terça-feira pelo governo brasileiro.
Na reunião, os chanceleres analisarão os fatos de violência ocorridos na Venezuela há duas semanas devido aos protestos em favor ou contra o governo de Nicolás Maduro.
"Nós sempre vamos procurar a ordem democrática", acrescentou Rousseff.
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