Líder do Pegida deixa grupo, após imitar Hitler em foto

Berlim, 21 Jan 2015 (AFP) - O líder do movimento anti-Islã alemão Pegida (acrônimo de Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente), Lutz Bachmann, anunciou nesta quarta-feira seu afastamento do grupo, após a publicação na imprensa de uma foto em que aparecia com cabelo e bigode ao estilo de Adolf Hitler, enquanto milhares de pessoas participaram de marchas anti-Islã em Dresden e Leipzig.

"Sim, eu deixo a direção" do movimento, declarou Bachmann ao jornal popular Bild, uma informação confirmada à AFP pela porta-voz do Pegida, Kathrin Oertel.

Esta última confirmou, ao longo do dia, a autenticidade da foto, publicada neste jornal de grande tiragem e no Dresdner Morgenpost, periódico que circula na mesma cidade do leste da Alemanha onde surgiu o Pegida, qualificando-a de "brincadeira".

"Eu apresento minhas sinceras desculpas a todos os cidadãos que possam ter se sentido ofendidos com minhas publicações (no Facebook)", declarou Bachmann em um comunicado publicado na página do Pegida.

Esta última confirmou, ao longo do dia, a autenticidade da foto, publicada neste jornal de grande tiragem e no Dresdner Morgenpost, periódico que circula na mesma cidade do leste da Alemanha onde surgiu o Pegida, qualificando-a de "brincadeira".

Segundo o Dresdner Morgenpost, a foto foi tirada "há algum tempo" e postada na página de Lutz Bachmann no site de relacionamentos Facebook.

Consultado pelo Bild, o dirigente do Pegida, movimento anti-Islã hostil aos imigrantes, explicou ter feito esta brincadeira "no cabeleireiro", durante o lançamento da versão em áudio de uma obra satírica sobre Hitler, "Ele está de volta", do alemão Timur Vermes (2012).

Outras declarações de Bachmann, postadas no Facebook em setembro de 2014, também chamaram atenção. O líder do Pegida, um ex-criminoso de 41 anos, também afirmou que não há "realmente verdadeiros refugiados fugindo de conflitos", referindo-se a eles como "imundos" e "bestas".

O Ministério Público de Dresden anunciou que está averiguando se estes fatos constituem uma infração, especialmente de "incitação ao ódio racial", informou à AFP seu porta-voz.

Impedido de ir às ruas de Dresden na segunda-feira por medo de um atentado, o movimento alemão contra a islamização reuniu apenas 15.000 pessoas na noite desta quarta-feira em Leipzig, bem menos que as 40.000 a 60.000 previstas pelos organizadores, segundo a polícia.

Manifestantes do "Legida" (Moradores de Leipzig contra a Islamização do Ocidente) foram às ruas da cidade em uma marcha de protesto que se apresentou como uma declinação local do movimento Pegida.

A comunicação ferroviária entre Dresden e Leipzig foi perturbada por dois incêndios registrados à tarde na estrada de ferro, segundo a polícia e a companhia ferroviária Deutsche Bahn, o que pode ter afetado a participação na passeata.

No total, a afluência foi três vezes menor que os 100 mil manifestantes aguardados pelas autoridades, um número que justificou a mobilização de 4.000 policiais, com unidades federais reforçando as forças de ordem locais.

"Nós somos o povo!" ("Wir sind das Volk !"), repetiam os manifestantes do Legida, enquanto agitavam bandeiras da Alemanha, retomando a referência habitual do movimento às manifestações espontâneas que precederam a queda do Muro de Berlim, no fim de 1989.



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