Kiev e rebeldes assinam acordo para aplicar plano de paz no leste da Ucrânia

Minsk, Bielorrússia, 12 Fev 2015 (AFP) - Kiev e os rebeldes separatistas assinaram nesta quinta-feira, em Minsk, um acordo para restabelecer a paz no leste da Ucrânia, que inclui um cessar-fogo a partir de 15 de fevereiro e a retirada de armas pesadas da linha de frente.

"O Grupo de Contato assinou o documento que preparamos com grande nível de tensão", afirmou o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, após 16 horas de negociações em Minsk (Belarus), que contaram com a presença dos presidentes russo, Vladimir Putin, e francês, François Hollande, além da chanceler alemã, Angela Merkel.

O acordo, que segundo a Alemanha está longe de garantir a paz na Ucrânia, retoma as grandes bases dos acordos assinados, também em Minsk, em setembro do ano passado.

Prevê um cessar-fogo a partir de domingo e a retirada dos beligerantes e das armas pesadas, a ampliação de uma zona de exclusão, que passa de 30 quilômetros a entre 50 e 70 quilômetros ao redor da linha de frente.

O presidente Poroshenko considerou, horas depois da assinatura do acordo, que o estabelecimento do cessar-fogo "não será fácil".

"A negociação foi muito difícil, e não esperamos um estabelecimento fácil do processo", declarou à imprensa após apresentar os resultados da reunião aos chefes de Estado e de Governo da UE em Bruxelas.

Para o líder separatista pró-Rússia Alexander Zajarchenko, o mapa do caminho é uma "esperança para uma resolução pacífica" do conflito iniciado em abril do ano passado no leste da Ucrânia.

"Não temos outro remédio a não ser dar esta oportunidade à Ucrânia. Todo o país mudará", disse outro líder rebelde, Igor Plotnitsky, depois que ambos assinaram o documento.

François Hollande citou uma "solução política global e um cessar-fogo" na Ucrânia. O chefe de Estado francês disse que há "uma esperança real" de resolver o conflito, mas "nem tudo está feito".

Mas a chanceler alemã reduziu consideravelmente o otimismo exibido pelas demais autoridades, ao declarar que não faz ilusões e que ainda restam grandes obstáculos.

"Agora temos um raio de esperança", disse Merkel, de acordo com declarações transmitidas por seus conselheiros.

"Mas não faço nenhuma ilusão, não criamos ilusões. Ainda teremos grandes obstáculos pela frente, mas existe uma verdadeira oportunidade de fazer evoluir as coisas para melhor", acrescentou.

Um tom similar foi adotado pelo o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier.

O acordo de Minsk "não é uma solução global e muito menos um avanço", afirmou Steinmeier em um comunicado, apesar de admitir um "passo adiante que nos afasta de uma espiral de escalada militar".

Os Estados Unidos deram as "boas-vindas" ao acordo, mas advertiu que os pontos devem se concretizar no terreno.

"O acordo representa potencialmente um avanço importante para uma solução pacífica do conflito", indicou a Casa Branca em um comunicado, ressaltando "que o cessar-fogo deve ser aplicado e respeitado".

"O verdadeiro teste será a implementação completa e sem ambiguidade do acordo, com um fim duradouro das hostilidades e o restabelecimento do controle pela Ucrânia de sua fronteira com a Rússia", ressaltou a Casa Branca.

Poroshenko, Putin, Hollande e Merkel passaram a noite em Minsk, capital de Belarus, negociando um acordo para tentar acabar com 10 meses de guerra no leste da Ucrânia entre as tropas leais a Kiev e separatistas pró-Rússia, que deixou mais de 5.300 mortos.

Neste contexto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta quinta que acordaria à Ucrânia, cuja economia está à beira da falência, um novo empréstimo de 15,5 bilgões de dólares em quatro anos, em troca de reformas.



Cinquenta tanques na Ucrânia vindos da Rússia Segundo o governo de Kiev, durante a reunião de Minsk, quase 50 tanques, assim como material pesado, entraram no território ucraniano procedentes da Rússia na madrugada desta quinta-feira.

"Cerca de 50 tanques, 40 lança-foguetes múltiplos Grad, Uragan e Smertch, assim como blindados, atravessaram a fronteira russo-ucraniana no posto de controle de Izvarine", na região separatista pró-russa de Lugansk, declarou Andrei Lysenko em coletiva de imprensa.

"O inimigo continua reforçando suas posições nos pontos mais perigosos: ao nordeste da região de Lugansk e perto de Debaltseve", estratégico espaço ferroviário no meio do caminho entre as capitais separatistas de Donetsk e Lugansk, onde as tropas ucranianas estão praticamente cercadas", disse.

Putin apelou aos soldados ucranianos cercados por separatistas em Debaltseve para que entreguem as armas, com o objetivo de que cessar-fogo assinado em Minsk entre em vigor no domingo.

O conflito no leste da Ucrânia - com 49 mortos entre terça-feira e quarta-feira - provocou o pior período de confronto entre a Rússia e os países ocidentais desde o fim da URSS em 1991.

Em Washington, o presidente americano, Barack Obama, tinha advertido o Kremlin de que "se a Rússia continuar com as agressões na Ucrânia, sobretudo enviando soldados, armas e financiando os rebeldes, o preço a pagar aumentará".

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos