Alemanha prende suspeitos de planejar atentados contra muçulmanos

Berlim, 6 Mai 2015 (AFP) - Quatro pessoas suspeitas de integrar uma "organização terrorista de extrema-direita" foram detidas nesta quarta-feira na Alemanha, suspeitas de planejar atentados contra muçulmanos e abrigos para demandantes de asilo.

Essas detenções ocorrem num momento em que vários centros de acolhida para refugiados foram atacados nos últimos meses. O edifício de um futuro centro foi incendiado na terça-feira à noite em Limburgerhof (oeste) e outro no início de abril em Tröglitz (leste).

Os suspeitos, três homens e uma mulher, de nacionalidade alemã e com idades entre 22 e 56 anos, teriam planejado atentados contra "personalidades salafistas, mesquitas e contra centros de acolhida para demandantes de asilo", afirma um comunicado da Procuradoria.

Os suspeitos teriam fundado uma "organização terrorista, a Oldschool Society, que teria por objetivo cometer os ataques em pequenos grupos".

As residências dos detidos foram revistadas, assim como os apartamentos de outras cinco pessoas.

Os investigadores encontraram "material pirotécnico de alto poder explosivo, assim como outros elementos incriminatórios", afirma o comunicado da Procuradoria de Karlsruhe (sudoeste).

Os suspeitos foram identificados como Denise Vanessa G., de 22 anos, Olaf O., de 47 anos, Andreas H., de 56 anos, e Markus W., de 39 anos. Esses dois últimos seriam respectivamente "presidente" e "vice-presidente" de uma organização visivelmente estruturada e hierarquizada, segundo a mesma fonte.

A procuradoria não especificou as localizações das detenções nem buscas, dizendo apenas que estas medidas afetaram os estados regionais da Saxônia (leste), Renânia do Norte-Westfália (norte), Baviera (sul), Renânia-Palatinate e Mecklenburg-Pomerânia Ocidental (norte).

As quatro pessoas presas nesta quarta-feira são suspeitas "de se associar a outros réus, no mais tardar em novembro de 2014, no âmbito da organização terrorista Oldschool Society", indicou ainda a procuradoria.

De acordo com a edição online do jornal Der Spiegel, a "Oldschool Society" criou um emblema que combina um tanque estilizado, runas germânicas e dois crânios, referindo-se aos símbolos clássicos da extrema-direita alemã.

Segundo o Der Spiegel, a associação também tem como lema "uma bala não é suficiente". Uma frase que se encontra em vídeos amadores atribuídos ao grupo. Publicados no Youtube, eles mostram alguns supostos integrantes da OSS louvando as virtudes de "camaradagem e irmandade" do grupo que "combate pela pátria".

As prisões foram realizadas com base em um mandado de prisão emitido na terça-feira por um juiz do tribunal federal de Karlsruhe e mobilizou cerca de 250 agentes da polícia, de acordo com a procuradoria, segundo a qual os investigadores se basearam em informações do serviço de inteligência alemão.

Os quatro suspeitos serão apresentados nesta quarta e quinta-feira a um juiz que irá pronunciar-se sobre a sua detenção preventiva.

Nos últimos meses, milhares de pessoas hostis ao Islã e aos refugiados saíram às ruas, principalmente em Dresden (leste), liderados pelo movimento islamofóbico e populista Pegida.

Em novembro de 2011, a Alemanha se chocou ao descobrir a existência de uma célula neonazista, a "Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU)", suspeita de pelo menos dez assassinatos em várias partes do país entre 2000 e 2007, incluindo os de oito turcos.

O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, elogiou as detenções desta quarta-feira e disse que a OSS poderia ter seguido o exemplo da NSU. "Seria a primeira organização (do gênero) a aparecer após a NSU", indicou Maizière.

"Esta tendência é preocupante e é por isso que estamos satisfeitos com o sucesso significativo dos investigadores na noite passada", acrescentou.

A série de crimes racistas cometidos pela NSU foi em parte elucidada após a morte de dois dos três suspeitos, Uwe Mundlos, de 38 anos, e Uwe Böhnhardt, de 34 anos. Seu cúmplice, Beate Zschäpe, foi entregue à polícia e está sendo julgado há dois anos em Munique (sul).

O inquérito revelou erros graves dos serviços de informações nacionais.

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