Coalizão intensifica ataques no Iêmen antes de trégua

Em Sanaa

A coalizão liderada pela Arábia Saudita intensificou os ataques aéreos contra os rebeldes xiitas huthis nesta segunda-feira (11), véspera de um cessar-fogo proposto por Riad, com os rebeldes prosseguindo com os disparos contra o território saudita e afirmando ter abatido um avião da coalizão.

Apesar das palavras favoráveis ao cessar-fogo, os rebeldes xiitas bombardearam mais uma vez as províncias sauditas fronteiriças, matando um paquistanês e um saudita, segundo Riad.

Estes dois mortos elevam a 12 o número de civis mortos na fronteira desde que os rebeldes iemenitas lançaram na semana passada ataques contra o território saudita.

Ainda nesta segunda-feira, os rebeldes afirmaram que derrubaram um avião da coalizão árabe em Saada (norte), depois de o governo do Marrocos anunciar a perda de um caça F-16 no Iêmen.

O canal de televisão dos rebeldes, Al-Massirah, exibiu imagens dos destroços da aeronave.

Uma fonte oficial saudita confirmou à AFP o desaparecimento de um avião de combate marroquino e que a coalizão tenta determinar a localização exata.

"Está sem dúvida em território iemenita e tinha apenas um piloto a bordo", disse a fonte, que pediu para ter sua identidade preservada.

A aviação da coalizão, liderada pela Arábia Saudita, intensificou os ataques contra posições rebeldes no Iêmen, na véspera da entrada em vigor de uma trégua proposta por Riad para possibilitar a distribuição de ajuda humanitária à população civil, muito afetada por seis semanas de conflito.

De Saada, reduto dos huthis, a Áden (sul), passando por cinco outras regiões, posições rebeldes foram bombardeadas, segundo testemunhas.

Ao menos cinco pessoas morreram e 20 ficaram feridas em um ataque que teve como alvo o depósito e um campo militar localizados no Mont Noqom, uma colina com vista para os subúrbios do leste da capital Saana.

Sete ataques consecutivos foram realizados em Ataq, capital da provícia de Chabwa (sul). Outros ataques atingiram posições rebeldes em Taez (sudoeste), Sanaa, Mareb (a leste da capital), Hajja (norte) e Baïda (centro).

Em Saada, os ataques prosseguiam numa região onde os civis tentam fugir dos bombardeios.

Novos bombardeios na fronteira saudita

Nesta segunda-feira, bombardeios lançados do Iêmen deixaram um morto e vários feridos na cidade saudita de Najrane, anunciou a televisão saudita, o que eleva a 11 o número de civis mortos na fronteira.

Segundo agências humanitárias, cerca de 70 mil civis fugiram em três dias da província de Saada.

"Estamos vivendo uma situação muito difícil", declarou um habitante da província.

"Queremos deixar Saada, mas não conseguimos em razão da falta de dinheiro e combustível", acrescentou.

O bloqueio imposto pela coalizão tem privado o Iêmen do "combustível necessário para a sobrevivência da população, e isso viola as leis da guerra", escreveu nesta segunda a organização HRW (Human Rights Watch), um dia depois do anúncio do Programa Mundial de Alimentos (PAM) da chegada ao Iêmen do primeiro navio fretado pela ONU e carregado de combustível.

Riad propôs na sexta-feira um cessar-fogo de cinco dias, começando na terça-feira à noite.

Se respeitada, a trégua precederá uma reunião dos países do Golfo com os Estados Unidos prevista para 13 de maio.

Os huthis afirmaram no domingo estar prontos para "reagir positivamente a qualquer esforço, apelo ou medida que ajude a acabar com o sofrimento" da população iemenita.

De acordo com a ONU, cerca de 1.400 pessoas morreram, em sua maioria civis, e 6.000 ficaram feridas desde o início do conflito.

A instabilidade no Iêmen possibilitou a Aqpa (Al-Qaeda na Península Arábica) de expandir seu poder, apesar da determinação dos Estados Unidos em combatê-la. Quatro supostos membros da Aqpa foram mortos em um ataque com drone, provavelmente americano, nesta segunda em Mukalla, uma grande cidade no sudeste do Iêmen, nas mãos dos extremistas desde o início de abril.

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