Partido de Peña Nieto vence legislativas mexicanas marcadas por protestos

Chilpancingo, México, 8 Jun 2015 (AFP) - O partido governista PRI conseguiu manter a maioria simples na Câmara dos Deputados do México nas eleições intermediárias de domingo, apesar da queda de popularidade do presidente Enrique Peña Nieto e dos protestos registrados durante a votação.

A eleição, na qual um candidato independente tem grandes chances de vencer perla primeira vez um governo regional, foi marcada pelas ações de uma corrente radical dos professores e dos pais dos 43 estudantes desaparecidos de Ayotzinapa, que conseguiram bloquear locais de votação.

O governo mobilizou uma operação especial de segurança nos estados de Guerrero e Oaxaca, depois de uma semana de contundentes protestos, e conseguiu respirar depois que menos de 1% dos locais de votação do país foram afetados.

O presidente do Instituto Nacional Eleitoral, Lorenzo Córdova, informou que o PRI (Partido Revolucionário Institucional) venceu a eleição para a Câmara com entre 29,87% e 30,85% dos votos.

O resultado, inferior aos 31,9% das eleições de 2012, permite ao PRI superar o Partido Ação Nacional (conservador), que ficaria com entre 21,47% e 22,20% dos votos. O Partido da Revolução Democrática (esquerda) aparece com entre 11,14% e 11,81%.

"A mensagem das urnas é que o governo não foi tão mal nos três anos que está no poder, que não existe tanto descontentamento, porque o PRI se mantém e os outros partidos não crescem", disse à AFP o analista político José Antonio Crespo.

- Vitória de "El Bronco" -

O PRI, que governou o México por mais de 70 anos até sua derrota em 2000, ficaria com entre 196 e 203 cadeiras das 500 das Câmara, mas pode garantir a maioria absoluta graças às alianças com o Partido Verde (41-48) e o Nova Aliança (9-12).

Peña Nieto sai ileso da eleição, apesar da recente queda de popularidade com os protestos contra o desaparecimento dos estudantes de Ayotzinapa em setembro do ano passado e os vários escândalos em seu governo, incluindo a revelação de que o presidente e sua esposa compraram mansões de empresários de empreiteiras.

O PRI também deve ser o vencedor no estado de Guerrero e em outros quatro estados, enquanto o PAN venceria em dois. O candidato independente Jaime Rodríguez "El Bronco" deve ser o vitorioso em Nuevo Léon. Em Michoacán, outro estado afetado pelo narcotráfico, a disputa era entre o PRD e o PRI.

A novidade na votação foi a estreia da figura do candidato independente. Um deles, "El Bronco", é o virtual governador do estado industrial de Nuevo León (nordeste) com 49,56% dos votos.

"Vai ser um governo cidadão de Nuevo León. Nuevo León será o início desta segunda revolução mexicana", afirmou aos simpatizantes "El Bronco", conhecido pela linguagem franca.

ProtestosUma corrente radical de professores e outros grupos tentaram boicotar as eleições locais e legislativas do México com o bloqueio de seções eleitorais e a queima de cédulas de votação no sul do país.

Os protestos se concentraram nos conflituosos estados de Guerrero e Oaxaca, apesar do forte dispositivo mobilizado pelo governo, com efetivos do Exército e da Polícia Federal, para garantir a realização das eleições.

No povoado de Tixtla, de 40.000 habitantes, a autoridade eleitoral de Guerrero teve de suspender a eleição, depois que pais e amigos dos 43 estudantes de Ayotzinapa, desaparecidos em setembro, impediram pela manhã a instalação de cerca de 20 seções eleitorais das 54 previstas.

Depois, enfrentaram com pedradas um grupo de pessoas armadas com pedaços de pau para impedir que continuassem seu protesto.

Mais tarde, o mesmo conselho eleitoral de Guerrero garantiu que os votos de Tixtla serão contabilizados e sua validade será determinada por um tribunal.

Essas eleições eram uma prova de fogo para Peña Nieto (2012-2018)o.

Apesar dos protestos, o Instituto Nacional Eleitoral (INE) - organizador das eleições - informou que 99,95% das urnas foram instaladas para que os 83 milhões de eleitores inscritos pudessem escolher seus 500 deputados (Câmara Baixa do Congresso federal), os governadores de nove dos 32 estados e quase 900 prefeituras.



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