Palestina grávida e filha morrem em ataque de Israel em Gaza
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Suhaib Salem/Reuters
Pai abraça corpo de menina morta em ataque aéreo de Israel
Uma palestina grávida e sua filha de dois anos morreram em um ataque aéreo israelense neste domingo (11) em Gaza em um novo dia de violência. As circunstâncias do incidente, ocorrido em uma estrada perto da colônia israelense de Maale Adumim, na Cisjordânia ocupada, são muito confusas.
Segundo Israel, sua aviação realizou um bombardeio na área em represália ao lançamento de um foguete a partir do enclave palestino, que foi interceptado pelo sistema antimísseis "Cúpula de Ferro". O exército disse que o alvo eram "duas instalações de fabricação de armas" do Hamas.
Fontes médicas palestinas, no entanto, informaram que o ataque matou Nur Hasan, de 30 anos e grávida, e sua filha, de dois anos.
Os funerais estão previstos para este domingo e podem levar a uma nova manifestação.
Em resposta, Sami Abu Zuhri, porta-voz do movimento islamita Hamas, que governa na faixa de Gaza, advertiu Israel "contra continuar com esta loucura". "Isto demonstra o desejo que a ocupação tem de uma escalada." O Hamas não disse o que fará em caso de novo ataque israelense.
Apesar dos pedidos de calma da comunidade internacional, a escalada de violência continua em Israel e nos territórios palestinos. Os Estados Unidos e a França já classificaram de extremamente preocupante e perigosa a atual escalada, e pediram para que tudo seja feito para apaziguar a situação.
Israel disse ter frustrado a primeira tentativa de atentado com bomba desde o início da escalada, no dia 1º de outubro.
Segundo a polícia, um agente considerou um veículo suspeito porque ele circulava em uma via reservada aos ônibus, e ordenou que parasse. A motorista então saiu do carro e o policial se aproximou. A mulher gritou "Alá é grande" em árabe e então detonou uma bomba no veículo.
Interrogada pela AFP, a porta-voz da polícia Luba Samri disse que era uma tentativa de atentado suicida. A motorista, uma palestina de Jericó, ficou gravemente ferida, e ainda não se sabe como o explosivo no veículo foi ativado. Além disso, um policial ficou levemente ferido.
O incidente reaviva o temor dos atentados com bomba, tão frequentes durante a segunda intifada (2000-2005), que semearam o terror entre a população israelense. O último ataque deste tipo, segundo a chancelaria israelense, ocorreu em 21 de novembro de 2012 em Tel Aviv.
Cessar-fogo à prova
Desde 1º de outubro, quando dois colonos judeus foram assassinados na Cisjordânia, a nova explosão de violência trouxe novamente o fantasma de uma terceira intifada, após os levantes populares palestinos contra a ocupação israelense em 1987 e 2000.
Nesta nova escalada já morreram 23 palestinos, entre eles sete supostos autores de ataques com facas, e quatro israelenses. As autoridades israelenses também detiveram centenas de palestinos.
A violência se estendeu na sexta-feira a Gaza, onde nove jovens palestinos morreram entre este dia e sábado por disparos israelenses perto da barreira de segurança durante uma manifestação violenta.
Os mortos destes últimos dias colocam seriamente à prova o cessar-fogo observado em Gaza desde o fim de agosto de 2014, após um sangrento conflito de um mês entre Israel e o Hamas.
O líder do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, falou na sexta-feira de uma nova intifada e disse que a população de Gaza se somaria a ela.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou, por sua vez, neste domingo que a segurança em Jerusalém será aumentada com o reforço de várias companhias de guardas fronteiriços reservistas.
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