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Teste de coronavírus em Londres é para os mais doentes... e os mais ricos

Pessoas utilizam máscaras de proteção para o coronavírus em ponto turístico de Londres, a Millennium Bridge - Tim Ireland/Xinhua
Pessoas utilizam máscaras de proteção para o coronavírus em ponto turístico de Londres, a Millennium Bridge Imagem: Tim Ireland/Xinhua

Da AFP, em Londres

18/03/2020 14h31

Você tem dinheiro e teme ter contraído o novo coronavírus? Uma clínica de Londres que propõe o teste a preço de ouro viu chegar uma onda de clientes, uma vez que as autoridades britânicas só estão testando os pacientes mais graves.

O ator britânico Idris Elba, o técnico do Arsenal Mikel Arteta, o astro de Hollywood Tom Hanks e autoridades políticas. Pobres ou ricos, famosos ou não, o novo coronavírus não discrimina, e o fato de celebridades como Elba terem feito o teste sem apresentar sintomas da Covid-19 irritou muita gente.

O sistema de saúde pública britânico NHS ainda não testa todos os doentes, apesar das recomendações da OMS. Desta forma, é solicitado aos pacientes sem sintomas graves que se isolem em casa, sem sequer chamar um médico. Mesmo os funcionários da área de saúde não estão sendo testados, o que provoca o temor de que transmitam o vírus a pacientes ou familiares.

"Estamos inundados de pedidos de testes particulares", assinala em seu site a elitista Private Harley Street Clinic, que os vende por 407 euros (quase R$ 2,3 mil). "As pessoas estão muito preocupadas", assinalou ao jornal Telegraph o médico Mark Ali, responsável pela clínica.

Segundo a publicação, desde que o estabelecimento lançou o serviço, na semana passada, registrou mais de 2 mil pedidos em seu site, principalmente de pessoas que tiveram a solicitação de teste negada pelo NHS.

25 mil testes diários

O teste é enviado em 48 horas ao endereço fornecido pelo cliente, que tem que colher duas amostras de secreções do nariz e da garganta e enviá-las a um laboratório no norte da Inglaterra. Os resultados, que saem em três dias, "são 100% confiáveis" e os casos positivos são reportados ao NHS, segundo a clínica.

Para os que podem, é uma forma de driblar os testes seletivos, que geraram dúvida sobre a capacidade das autoridades sanitárias britânicas de acompanhar de perto a evolução da pandemia, que já causou 104 mortes no Reino Unido.

Ante as críticas, o governo se comprometeu hoje a aumentar o número de testes de 5 mil a 10 mil por dia até a próxima semana. O objetivo é chegar a 25 mil testes diários nos hospitais dentro de quatro semanas, afirmou o premiê Boris Johnson.

O ritmo é considerável em comparação com os cerca de 56 mil testes realizados desde o começo da crise, dos quais 2.626 resultaram positivos. O assessor científico do governo, Patrick Vallance, disse ontem que é "razoável" pensar que cerca de 55 mil pessoas estejam infectadas no país.

"Nosso objetivo é preservar vidas, proteger os mais vulneráveis e aliviar a pressão sobre o NHS. Portanto, o correto é darmos prioridade aos que correm um risco maior de ter doenças graves", defendeu o ministro da saúde, Matt Hancock.

Ele também pediu aos laboratórios que trabalhem com o governo para desenvolver rapidamente um teste para determinar se uma pessoa saudável foi exposta ao vírus e desenvolveu imunidade.