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Coreia do Norte dispara novos mísseis e bate recorde de lançamentos em um mês

O míssil hipersônico recém-desenvolvido Hwasong-8 é testado pela Academia de Ciências da Defesa da Coreia do Norte em Toyang-ri - KCNA via REUTERS
O míssil hipersônico recém-desenvolvido Hwasong-8 é testado pela Academia de Ciências da Defesa da Coreia do Norte em Toyang-ri Imagem: KCNA via REUTERS

AFP e Reuters

26/01/2022 20h40Atualizada em 27/01/2022 09h42

A Coreia do Norte disparou dois supostos mísseis balísticos no Mar do Leste, também conhecido como Mar do Japão, nesta quinta-feira (27, noite de quarta 26 no Brasil), informaram militares sul-coreanos.

Segundo o país vizinho, os dois mísseis de curto alcance disparados a partir da cidade de Hamhung por volta das 8 horas (20 horas no horário de Brasília). "Os projéteis viajaram 190 quilômetros a uma altura de 20 km", afirmou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul em comunicado.

Este é o sexto teste de armas de Pyongyang em 2022. A última vez que a Coreia do Norte testou tantas armas em um mês foi em 2019, após o colapso das negociações entre o líder Kim Jong Un e o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Desde então, as negociações com os Estados Unidos estagnaram e o país sofreu economicamente com duras sanções internacionais e suas medidas para conter a pandemia de covid-19.

"Acredito que, se incluirmos os dois mísseis de cruzeiro, este já é o maior número de lançamentos de mísseis norte-coreanos em qualquer mês", afirmou no Twitter o analista Ankit Panda.

Pyongyang disparou dois mísseis de cruzeiro na terça-feira passada e realizou pelo menos quatro testes de armas adicionais este mês, incluindo dois mísseis que classificou de "hipersônicos" nos dias 5 e 11 de janeiro.

A série de testes gerou condenações internacionais e motivou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU. O governo dos Estados Unidos também anunciou novas sanções em resposta aos testes, o que provocou uma resposta da Coreia do Norte, que na semana passada sugeriu que retomaria seus testes de armas nucleares e de longo alcance.

Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA classificou os novos lançamentos como uma violação de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, além de ameaçar os vizinhos da Coreia do Norte e a comunidade internacional.

Segundo o porta-voz, os Estados Unidos continuam comprometidos com uma abordagem diplomática e pedem que a Coreia do Norte participe do diálogo.

'Novas capacidades'

Os testes ocorrem em um momento delicado para a região, com a China, o único grande aliado da Coreia do Norte, se preparando para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno em fevereiro e a Coreia do Sul organizando as eleições presidenciais de março.

"O regime de Kim desenvolve uma variedade impressionante de armas, apesar dos recursos limitados e dos sérios desafios econômicos", comentou Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul.

"Certos testes norte-coreanos visam a desenvolver novas capacidades, especialmente para evitar as defesas antimísseis", acrescentou Easley. "Outros lançamentos buscam mostrar a preparação e versatilidade das forças de mísseis que a Coreia do Norte já usou."

No poder há uma década, Kim lidera uma economia afetada pela covid, que enfrenta uma escassez grave de alimentos, agravada pelas sanções internacionais motivadas por seus programas armamentistas. Isso poderia explicar por que a Coreia do Norte executou todos esses testes nas últimas três semanas, disseram analistas, indicando que uma demonstração dramática de poder militar oferece a Kim uma vitória política antes de vários aniversários locais.

O país se prepara para comemorar o 80º aniversário de nascimento do pai de Kim, o falecido Kim Jong Il, em fevereiro, bem como o 110º aniversário de seu avô, o fundador do país, Kim Il Sung, em abril.

A Coreia do Norte também pode fazer testes antes dos Jogos de Inverno de Pequim, que começam na próxima semana, para não aborrecer a aliada China com o lançamento de mísseis durante o evento.