Chuva danifica 29 museus em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo
Em Belo Horizonte
A chuva que castiga a região Sudeste ameaça pelo menos 29 museus. Goteiras e infiltrações são os problemas mais comuns. Mas desabamentos de muros e deslizamentos de encostas também põem em risco acervos e imóveis --alguns construídos há mais de dois séculos. É o que mostra levantamento do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Em Minas, até o Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, está ameaçado por estar em área de risco de deslizamento. O edifício do século 18 abriga obras de Manuel da Costa Ataíde e Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Outros prédios mineiros também correm perigo, como os dos Museus Regional de Caeté, também do século 18, e do Diamante, em Diamantina. Nos dois casos, muros já desabaram e há infiltrações no telhado e no piso.
Veja como fazer doações às vítimas das chuvas
Infiltrações também foram encontradas nos Museus do Ouro, em Sabará, Casa dos Ottoni, no Serro, e Arquidiocesano de Mariana. Em Belo Horizonte, a chuva causou danos ao Museu de Arte da Pampulha, parte do conjunto arquitetônico elaborado por Oscar Niemeyer, e ao Museu de Artes e Ofícios.
No Rio, temporais ameaçam prédios históricos, como o Museu Imperial, onde dom Pedro 2º passava o verão, e o Palácio Rio Negro, que funcionou como residência de verão dos presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Ambos são em Petrópolis e têm problemas com infiltrações, assim como os Museus de Arte Religiosa e Tradicional, em Cabo Frio, Casa da Hera, em Vassouras, e da República e Villa-Lobos, na capital fluminense.
Em Paraty, o Museu Forte Defensor Perpétuo, cujo prédio foi construído em 1793, também sofre com infiltrações, mas o maior problema é a ameaça de deslizamento das encostas que cercam o prédio. Outro imóvel em risco é o do Centro Cultural de São José de Ubá, que apresenta rachaduras.
LEIA MAIS
- Governo federal libera R$ 75 mi aos Estados do Sudeste afetados pelas chuvas
- Dos 251 municípios em áreas de risco apenas 23 receberam recursos
- Apenas 2 municípios considerados prioritários em áreas de risco receberam recursos do programa de prevenção
- Integração dá 90% da verba de prevenção a desastres para Pernambuco, Estado do ministro
- Em 2012, de novo, verba de prevenção a desastres privilegia Pernambuco
- Ministro nega favorecimento a Pernambuco e diz que verba para chuva foi "seleção técnica"
No Espírito Santo, sete dos 16 municípios em situação de emergência têm museus, segundo o Ibram. Mas, apesar da intensidade da chuva nos últimos dias, a maior parte teve apenas goteiras. Só no Museu Elias Lorenzutti, em Linhares, o acúmulo de água no forro levou a direção a transferir o acervo ao prédio da Secretaria de Cultura até que a chuva dê trégua. Goteiras ainda foram detectadas em museus de Cachoeiro do Itapemirim, Santa Leopoldina, Domingos Martins, São Mateus e Ibatiba.
O maior problema, segundo o instituto, está em Vitória. Na capital capixaba, o Museu Solar Monjardim, que funciona desde 1939, está ameaçado pelo risco de queda do muro de contenção da encosta vizinha ao terreno. No Museu Histórico da Ilha das Caieiras, a água que penetrou por esquadrias das janelas afetou piso, livros e sala de exposições. Ainda invadiu o Museu do Telefone, que está alagado.
Dos quatro Estados do Sudeste, apenas São Paulo não relatou danos a museus causados pela chuva. Segundo o Ibram, a situação pode ser mais grave, pois o levantamento feito entre 5 e 10 de janeiro inclui apenas instituições que repassaram informações --em algumas cidades em emergência, o órgão não conseguiu nem contato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.