Carro da PM do Rio que levou Amarildo tinha outro rastreador
A Secretaria de Estado de Segurança admitiu, pela primeira vez, que o carro da Polícia Militar que transportou o pedreiro Amarildo de Souza no dia de seu desaparecimento tinha outro dispositivo que permite saber o trajeto feito pelos policiais, além do GPS que estava quebrado.
CÂMERAS NÃO FUNCIONARAM
-
A ONG Rio de Paz colocou manequins na praia de Copacabana, na zona sul, em protesto contra o desaparecimento de Amarildo
- As câmeras da UPP da Rocinha pararam de funcionar no mesmo dia em que Amarildo foi levado para lá por policiais "para averiguação". O relatório da empresa Emive mostra que, das 80 câmeras instaladas na favela, apenas as 2 da sede da UPP apresentaram problemas. MAIS
O sistema de radiocomunicação tem como função secundária fazer o georreferenciamento do veículo. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 14, pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, que obteve o itinerário da viatura entre o momento em que Amarildo foi detido e as 24 horas seguintes.
De acordo com nota da Secretaria de Segurança, a extração dos dados do sistema de georreferenciamento "se dá de forma manual e, consequentemente, muito mais lenta". O trabalho para decodificar as informações levou cerca de duas semanas e os dados foram anexados ao inquérito da Delegacia de Homicídios.
Segundo a reportagem, Amarildo foi levado para averiguações às 19h22 do dia 14 de julho e em três minutos chegou à sede da UPP no alto da Rocinha. Às 19h37, o carro começa a descer a favela e faz uma parada de 4 minutos numa área movimentada da Rocinha, a Curva do S.
Durante duas horas e 20 minutos o carro rodou pela região portuária, zonas norte e sul da cidade. Uma hora e doze minutos depois de ter deixado a favela, fez a primeira parada no Batalhão de Choque. Fez nova parada no Hospital da PM e seguiu para o 23.º Batalhão (Leblon). O Jornal Nacional informa que o motorista do carro, o soldado Sidnei Felix Cuba, omitiu no depoimento ter passado pela zona portuária, o hospital da PM e Batalhão do Leblon. Ele também não explicou a demora de 1h08 entre o Batalhão de Choque e a favela da Rocinha, um trajeto que levaria 20 minutos, num domingo. Os dados serão, agora, analisados por peritos.
Nesta quarta-feira, dia em que se completou um mês do desaparecimento de Amarildo, familiares e amigos do pedreiro fizeram uma manifestação na Rocinha. Cem pessoas caminharam pela Autoestrada Lagoa-Barra. Algumas levavam faixas com a inscrição "Quem matou Amarildo?". O advogado João Tancredo, que defende a família de Amarildo, disse que a mulher e os filhos do pedreiro não deixarão a Rocinha.