PM do Rio tem bomba de gás lacrimogêneo mais forte
comentários 9

No Rio de Janeiro

Ouvir texto
0:00
Imprimir Comunicar erro
  • Juliana Dal Piva/UOL

    Bombas de gás usadas durante protesto no Rio em outubro

    Bombas de gás usadas durante protesto no Rio em outubro

A Polícia Militar do Rio comprou da Condor S/A Indústria Química bombas de gás lacrimogêneo duas vezes mais potentes do que o normalmente empregado pelas forças de segurança brasileiras. Muitas delas foram utilizadas para reprimir "vândalos infiltrados" na recente onda de manifestações, segundo oficiais da corporação.

No dia 2, o procurador da República Jaime Mitropoulos converteu o procedimento preparatório para apurar o caso em inquérito civil, depois de a fabricante informar que, desde 2012, vende para a PM fluminense artefatos com concentração de até 30% de ortoclorobenzalmalonitrilo, o lacrimogêneo. Segundo o Exército, responsável por fiscalizar a produção e comercialização desse tipo de produto, as fábricas brasileiras produzem granadas com concentração aproximada de 10% da substância.

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal começou a investigar o caso no fim de junho, após denúncias de que a PM estava usando bombas mais potentes do que o usual. Na ocasião, oficiais do Batalhão de Choque disseram que alguns dos artefatos entregues à PM pela Condor seriam vendidos para Angola. O limite da concentração de gás lacrimogêneo permitida pelo país africano seria o dobro do usado no Brasil.

Ampliar

Protestos no Rio de Janeiro200 fotos

1 / 200
30.jan.2015 - Manifestante carrega cartaz no qual se lê "Mãos ao alto, isto é um aumento", durante o protesto contra o aumento nas tarifas de transporte público no centro do Rio de Janeiro. A manifestação começou na Candelária e seguiu em direção à Central do Brasil. Houve confronto com policiais, quando manifestantes tentaram furar o bloqueio e pular as catracas na Central do Brasil. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas Imagem: Rudy Trindade/Frame/Frame/Estadão Conteúdo

A última compra foi feita pela Secretaria de Segurança em 19 de junho para repor emergencialmente o estoque, que ficou praticamente zerado após a onda de protestos que teve início em 6 de junho no Rio. No dia 17 de junho, uma manifestação pacífica que levou 100 mil pessoas à Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, terminou em pancadaria e depredação do prédio histórico da Assembleia Legislativa (Alerj). A PM utilizou dezenas de bombas de gás para dispersar a multidão. A compra, no valor de R$ 1,6 milhão, foi feita sem licitação.

Por causa dos protestos, o montante pago pelo governo do Rio à Condor no primeiro semestre deste ano (R$ 2 milhões) já superava em 66% tudo o que foi gasto em todo o ano passado (R$ 1,2 milhão), segundo levantamento feito no Sistema Integrado de Administração para Estados e Municípios (Siafem).

A Secretaria Estadual de Segurança informou que a questão deve ser respondida pela Polícia Militar. Procurada na manhã de quinta-feira, a PM informou na noite de sexta-feira que precisava de mais tempo para levantar todos os lotes de bombas adquiridos e responder às perguntas. Em nota, a Condor informou que ainda não foi notificada da investigação do MPF "não tendo elementos para se pronunciar em razão disso".

Procurada em junho pelo Estado, quando surgiram as primeiras suspeitas, a empresa afirmou que as bombas vendidas então para a PM estavam em seu estoque "e poderiam ser vendidos para qualquer cliente". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ampliar

Veja cenas de violência policial e depredações em protestos pelo Brasil104 fotos

10 / 104
16.jun.2013 - Polícia atira bombas de efeito moral contra manifestantes durante protesto no Maracanã, onde acontecia a Copa das Confederações Imagem: AFP PHOTO/Tasso Marcelo

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

comentários 9

Avatar do usuário

Avatar do usuário

960

Compartilhe:

Ao comentar você concorda com os termos de uso

  • Todos
  • Mais curtidos
  • Escolha do editor
    Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
    Leia os termos de uso

    UOL Cursos Online

    Todos os cursos