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Delator que citou Dirceu mantém silêncio em sessão fechada da CPI

O Milton Pascowitch (à direita) ficou em silêncio na CPI da Petrobras - Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Milton Pascowitch (à direita) ficou em silêncio na CPI da Petrobras Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em São Paulo

06/08/2015 13h26Atualizada em 06/08/2015 15h15

Mesmo com sessão fechada e restrita aos membros da CPI da Petrobras, o delator da Operação Lava Milton Pascowitch manteve a decisão de permanecer em silêncio, segundo relato de deputados.

A reunião foi fechada após questão de ordem apresentada pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que questionou a orientação da defesa de Pascowitch. O parlamentar alegou que, se a delação premiada já foi homologada pela Justiça, o delator tinha obrigação de falar aos parlamentares sob risco de perder os benefícios do instituto legal.

"Na minha colaboração, existe uma condição que me impõe esse sigilo até mesmo na CPI. Mesmo que se transforme em reunião fechada, permanecerei em silêncio", disse o delator.

O presidente da CPI, deputado Hugo Mota (PMDB-PB), disse que vai preparar uma representação a ser encaminhada ao juiz Sérgio Moro contra Pascowitch. Os deputados alegam que, ao permanecer em silêncio, o lobista infringiu a norma que instituiu a delação premiada.

Pascowitch disse à Justiça que fez pagamentos de R$ 10 milhões, em espécie, na sede do PT em São Paulo. Segundo ele, o valor saiu de um total de R$ 14 milhões em propinas de contrato de obras de cascos replicantes (que têm produções idênticas) na Petrobras.

Por conta do depoimento de Pascowitch, o juiz Sérgio Moro decretou a prisão do ex-ministro José Dirceu nesta semana. O lobista contou que parte da propina vinda de contratos sob responsabilidade da diretoria de Serviços da Petrobras bancou as reformas da casa do petista, em Vinhedo (SP), e de um apartamento do irmão, Luiz Eduardo, na capital paulista, além da compra de um imóvel para a filha e despesas de aluguel de um jatinho.

Pascowitch é acusado de ter operado propina, em nome da Engevix, na diretoria de Serviços, considerado braço petista no esquema. O lobista teve a prisão preventiva transformada em domiciliar após firmar acordo de colaboração com a Justiça. Sua delação serviu de base para a 17ª etapa da Operação Lava Jato.