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Comissão de mortos e desaparecidos era ato reparador, diz FHC

Redação

São Paulo

03/08/2019 08h13

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que espera que a Comissão de Mortos e Desaparecidos não se transforme em um instrumento "de vinganças antidemocráticas".

Em sua conta no Twitter, FHC lembrou que a comissão foi criada no seu governo como um "ato reparador".

"A Comissão de Mortos e Desaparecidos, 1995, não foi revanche. Era ato reparador de sofrimento a pessoas e famílias tendo o Estado como responsável. Dele publicou-se foto de um general abraçado à esposa de uma vítima. Paz, não ódio. Corrijam-se excessos, sem vinganças antidemocráticas", escreveu o ex-presidente um dia depois de Jair Bolsonaro trocar quatro dos integrantes da comissão.

A alteração na comissão foi publicada na edição de quinta-feira (1) do Diário Oficial da União, com a assinatura de Bolsonaro e da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.

A troca ocorre uma semana depois que a comissão, vinculada ao governo, emitiu documento reconhecendo que a morte de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ocorreu "em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado Brasileiro".

Na última segunda-feira, Bolsonaro disse que poderia explicar a Felipe Santa Cruz como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar. A declaração foi repudiada por entidades e a a comissão alvo das mudanças de hoje tinha pedido explicações ao presidente.

Uma das substituídas é a procuradora Eugênia Gonzaga, que presidia o colegiado. Em entrevista coletiva na tarde de hoje, ela rebateu Bolsonaro, disse que comissão sempre foi apartidária e nunca dependeu de orientações políticas de governo.

Em nota divulgada na quinta, Gonzaga afirmou que, ao que tudo indica, a mudança foi "uma represália pela minha postura diante dos acontecimentos". Segundo ela, a troca já era esperada desde a posse de Bolsonaro.

"Lamento muito. Não por mim, pois já vinha enfrentando muitas dificuldades para manter a atuação da CEMDP desde o início do ano, mas pelos familiares", acrescentou.

Marco Vinicius Pereira de Carvalho, assessor especial de Damares e filiado ao PSL, partido de Bolsonaro, assumirá o comando da comissão. Além da presidência, houve outras três mudanças:

  • Weslei Antônio Maretti, coronel reformado do Exército, substitui Rosa Maria Cardoso da Cunha, advogada que integrou a Comissão Nacional da Verdade
  • Vital Lima Santos, oficial do Exército, substitui João Batista da Silva Fagundes, militar da reserva e ex-deputado
  • O deputado federal Filipe Barros Baptista de Toledo Ribeiro (PSL-PR) substitui o deputado Paulo Roberto Severo Pimenta (PT-RS)

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