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Viúvas de suicidas da crise econômica fazem marcha na Itália

04/05/2012 15h43

BOLONHA, 4 MAI (ANSA) - Um grupo de viúvas de homens que se mataram por conta da crise econômica e das dificuldades com as autoridades fiscais realizaram nesta manhã uma marcha sobre a cidade de Bolonha, na Itália.

Portando bandeiras brancas, a procissão, que juntou centenas de pessoas, terminou em frente ao escritório da Receita Federal da cidade, onde, em 28 de março, o artesão Giuseppe Campaniello se matou por causa das dívidas que tinha com o fisco.

As mulheres fizeram um longo aplauso em frente à casa da esposa de Campaniello, Tiziana Marrone, que organizou a manifestação junto com Elisabetta Bianchi.

Ao agradecer aos participantes que foram para Bolonha em um dia de trabalho e à mídia, a viúva do artesão disse que "a Itália não quer acabar como a Grécia", com tantos empresários suicidas desde o início do ano.

Tiziana também pediu que as instituições façam alguma coisa porque "os poderosos são os únicos que podem fazê-lo".

"Levaram tudo de mim, sou uma mulher sozinha que precisa cuidar da família. Deixem-me viver minha vida, se eu estou tranquila, ele poderá descansar em paz", afirmou a viúva, que lembrou à imprensa que seu marido não teve apoio".

No final da marcha, a esposa de Campaniello, que tinha sua foto estampada em um banner branco, colocou flores no local onde o marido se matou e leu os nomes das pessoas que já cometeram suicídio por causa da crise.

A outra organizadora da marcha, Bianchi, informou ainda que as viúvas foram convidadas por editoras a escrever um livro, cuja renda será doada "às famílias das vítimas".

"Também pediremos às instituições dos municípios de residência das vítimas para criar uma 'placa das vítimas do fisco'", atestou ela.

"É um dever pagar as taxas, mas precisamos de um relacionamento mais humano. Pedimos ao governo para mudar as leis e para colocar uma mão na consciência, porque as pessoas precisam de uma conexão humana que não existe mais", refletiu Bianchi.