Topo

Esse conteúdo é antigo

Juíza pede apuração sobre morte de testemunha contra Berlusconi

Silvio Berlusconi deixa hospital em Milão, em setembro de 2020 - Flavio Lo Scalzo/Reuters
Silvio Berlusconi deixa hospital em Milão, em setembro de 2020 Imagem: Flavio Lo Scalzo/Reuters

02/01/2021 15h26

Uma juíza de Milão determinou neste sábado (2) que sejam realizadas novas investigações e avaliações, inclusive com laudos periciais, sobre a morte da modelo marroquina Imane Fadil, uma das principais testemunhas contra o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi.

A decisão foi tomada pela juíza de instrução de Milão Alessandra Cecchelli, que acatou o pedido dos advogados da família da jovem, incluindo Mirko Mazzali, e indeferiu uma ação da promotoria.

O novo inquérito tem como objetivo avaliar se existe uma ligação entre a morte da modelo e a conduta dos profissionais de saúde, além de verificar, entre outras coisas, se sua doença poderia ter sido diagnosticada precocemente.

Testemunha de acusação em um dos processos do inquérito "Ruby ter", que investiga Berlusconi por corrupção em atos judiciários, Fadil, 34 anos, morreu em 1º de março, em um hospital de Rozzano, após um mês de internação.

Em meados de setembro de 2019, após meses de investigações complexas, foi estabelecido que a modelo morreu em decorrência de uma doença rara, um tipo de aplasia de medula óssea que foi diagnosticada três dias antes de seu falecimento na clínica de Milão.

Depois do resultado dos exames em tecidos retirados dos órgãos da marroquina, o Ministério Público de Milão pediu o arquivamento da investigação aberta por homicídio voluntário, excluindo responsabilidades médicas.

Em uma petição, no entanto, os advogados da família de Fadil pediram uma série de novas "avaliações periciais", inclusive sobre as alegadas responsabilidades dos médicos em tratamento, para ter uma prova clara e exaustiva sobre o caso, principalmente porque a vítima foi alvo de ameaças de morte.

O inquérito analisará se "a hemorragia gastroesofágica que levou à morte de Fadil era previsível e evitável", se "um diagnóstico mais rápido da doença era possível" e se, portanto, "a morte poderia ser evitada" com "tratamento apropriado". A juíza fixou um prazo de seis meses para novas investigações.

Relembre o caso - De acordo com o Ministério Público, o ex-primeiro-ministro desembolsou milhões de euros para comprar o silêncio de garotas de programa no processo "Ruby", no qual ele acabou absolvido das acusações de prostituição de menores e abuso de poder. O nome "Ruby" se refere a Karima el Mahroug, ítalo-marroquina pivô do escândalo sexual envolvendo Berlusconi.

Em janeiro de 2019, no entanto, Fadil foi excluída do processo Ruby a pedido da defesa do ex-premier. Ela dizia ter negociado por cinco meses uma indenização com a senadora Mariarosaria Rossi, aliada próxima de Berlusconi e acusada de falso testemunho. Fadil também foi testemunha no caso Ruby e alegava ter sofrido "tentativas de corrupção".

Um ex-agenciador de prostitutas para as festas de Berlusconi, Lele Mora, confirmou ter levado a marroquina para um "jantar", mas descartou que ela tenha ficado sozinha com o ex-premier.

Pouco antes de morrer, a mulher dissera a parentes e advogados que temia ser envenenada. Já o advogado de Berlusconi declarou que seu cliente não conhecia Fadil.