Para EUA, Brasil é 'responsável', mas Conselho de Segurança fica fora do discurso
A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, disse nesta segunda-feira que o Brasil é um país "responsável" na cena internacional, durante uma visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, na qual o tema de um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU é um tema subjacente.
Em um evento da Câmara Americana de Comércio com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, em que ambos evitaram aludir à ambição brasileira em relação ao Conselho, Hillary Clinton reconheceu que o Brasil "está tendo um impacto crescente na estabilidade e na segurança global". "Enfrentamos desafios complexos na nossa região e além dela, e o Brasil é um ator responsável", afirmou.
O chanceler brasileiro também fez alusões elogiosas ao papel do Brasil na questão da paz e da segurança mundiais. "Os Estados Unidos continuarão a ser uma potência. Mas o Brasil também tem suas fortalezas", afirmou o ministro. "É a sexta maior economia do mundo, uma potência em energia e agricultura, um país com recursos naturais e uma mão-de-obra cada vez mais sofisticada, uma democracia vibrante e um agente de paz na região e em todo mundo."
Patriota disse que "talvez a vantagem competitiva única do Brasil nesse mundo emergente é que queremos ser um link construtivo e pacífico entre os diferentes polos (de um mundo multipolar)". "Nosso país acredita em diplomacia, igualdade, tolerância."
'Parceiros iguais'
Os jornalistas que cobrem a visita mantém os olhos e ouvidos abertos para qualquer menção, pelo lado americano, da ambição brasileira a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança.
Entretanto, mesmo analistas concordam que é improvável que os EUA expressem apoio a uma candidatura brasileira como apóiam, por exemplo, a Índia. O propósito da visita é estabelecer o que diplomatas brasileiros e americanos chamam de "parceria do século 21".
Em suas próprias palavras, analistas têm apontado que as relações entre Brasil e EUA são antigas e amplas, mas um tanto supérfluas. Inadvertidamente, a própria Hillary Clinton indicou isso ao dizer, com entusiasmo, que "há tremendo um potencial inexplorado em ambos nossos países".
"Mal começamos a explorar maneiras de trabalhar e prosperar juntos", afirmou a secretária.
Hillary disse que o Brasil representa "uma história de sucesso inspiradora: uma economia dinâmica que elevou milhões de pessoas à classe média, um país que está ajudando a alimentar a economia global, que produz de tudo, desde commodities a tecnologia aeroespacial, e cujos bens e serviços têm tido maior demanda em todo o mundo".
"A proximidade que nós temos aqui no hemisfério ocidental de algumas das economias de crescimento mais rápido no mundo, e algumas das democracias mais vibrantes, é uma grande fortaleza", ponderou. "Queremos ser parceiros - parceiros em igualdade - em promover o crescimento sustentável, diversificado, marcado pela inovação, que resulte em progresso inclusive e de longo prazo."
O chanceler Antônio Patriota retribuiu o agrado afirmando que o Brasil aposta na recuperação da economia americana. Lembrou que o Brasil investe nos EUA 40% do montante que os EUA investem no Brasil.
"(Os EUA são) um país de recursos extraordinários, flexibilidade, instituições acadêmicas de alto nível, capacidade de se reinventar", afirmou. "O Brasil vê os Estados Unidos como um parceiro privilegiado."
Entretanto, Patriota chamou atenção para o déficit comercial do Brasil na balança bilateral. Hoje o Brasil é a sétima nação com o maior déficit com os EUA, ele disse. "Em termos de exportação, voltamos ao estágio em que vendemos matérias-primas e compramos produtos industrializados. Isso é algo que precisamos ver seriamente e vamos ver."
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