Festa real dá ânimo a britânicos mas deprime economia
Centenas de festas de rua organizadas desde sábado para comemorar o jubileu de diamante da rainha Elizabeth 2ª ajudaram os britânicos a esquecer a recessão, mas no campo econômico as celebrações podem deixar sabor de ressaca.
A expectativa do Banco da Inglaterra (o Banco Central britânico) é que o feriado prolongado tenha um impacto negativo no crescimento do PIB do país de 0,5% no segundo trimestre desse ano. No ano passado, o casamento do Príncipe William teria tido um custo de 0,4 pontos percentuais do PIB, segundo o banco.
"O impacto é explicado pelo fato de que esses eventos reais são, antes de tudo, comemorações nacionais, para os britânicos", afirma John Van Reenen, diretor do Centro de Performance Econômica da London School of Economics.
Reenen explica que a celebração não atrai tantos turistas quanto as Olimpíadas (para a qual são esperados 5 milhões de visitantes em Londres) e também não exige massivos investimentos em infraestrutura.
"O efeito econômico é muito diferente, mas podemos esperar compensar ao menos parcialmente as perda deste mês em julho, com os jogos olímpicos."
Festas de rua
Durante o Jubileu, celebrações de rua, regadas a chá ou drinques, tortas e sanduíches, movimentam um mercado de souvenires e comidas típicas. Muitos britânicos também aproveitam o feriado para viajar - embora a chuva deste ano tenha afugentado banhistas de destinos típicos de veraneio, como Brighton.
Membros da oposição ao primeiro-ministro conservador David Cameron acusam o Banco da Inglaterra de usar as comemorações reais para encobrir uma recessão alimentada pelas medidas de austeridade do governo.
Segundo Reenen, porém, as demandas por bens e serviços de fato não são suficientes para neutralizar os efeitos dos dias não trabalhados sobre o PIB.
"Mas o PIB não é a única medida do contentamento em um país. Se fosse para levar só isso em consideração, logo estaríamos cancelando o Natal e outros feriados", diz Reenen.
Esquecer os problemas
O que explica o entusiasmo dos britânicos por uma festa que consome bilhões de libras em um período de recessão?
Segundo o historiador Bill Purdue, autor de The Monarchy and the British People (A Monarquia e o Povo Britânico), em tempos de crise os eventos reais servem para reacender o orgulho nacional e unir os britânicos.
"É mais ou menos como uma celebração de vitória da Copa no Brasil", diz. "Ao menos por alguns dias as notícias nos jornais são positivas e os britânicos podem esquecer seus problemas - não importa muito se a comemoração faz sentido do ponto de vista econômico."
Purdue lembra que na ocasião do casamento da rainha Elizabeth 2ª, em 1947, a Grã-Bretanha havia acabado de sair da Segunda Guerra Mundial e os tempos eram de austeridade. Nos mercados, havia filas para conseguir itens básicos e produtos como pão e batata não raro sumiam das prateleiras.
Na época, houve até quem enviasse cupons de racionamento para ajudar a rainha a completar o enxoval, embora as doações não tenham sido aceitas.
A necessidade de conter gastos, como agora, certamente foi uma das preocupações dos organizadores do evento - mas isso não quer dizer que o casamento foi austero.
"A verdade é que não faz sentido, nem em tempos de crise, ter um evento real 'baratinho'", diz Purdue.
Ele lembra o caso de William 4º, que fez uma coroação austera em 1830 e teria virado motivo de chacota nacional.
"Se é para ter uma celebração real, o melhor é que seja uma festa grandiosa. Um evento para dar aos britânicos confiança de que dias melhores estão pela frente."
A expectativa do Banco da Inglaterra (o Banco Central britânico) é que o feriado prolongado tenha um impacto negativo no crescimento do PIB do país de 0,5% no segundo trimestre desse ano. No ano passado, o casamento do Príncipe William teria tido um custo de 0,4 pontos percentuais do PIB, segundo o banco.
"O impacto é explicado pelo fato de que esses eventos reais são, antes de tudo, comemorações nacionais, para os britânicos", afirma John Van Reenen, diretor do Centro de Performance Econômica da London School of Economics.
Reenen explica que a celebração não atrai tantos turistas quanto as Olimpíadas (para a qual são esperados 5 milhões de visitantes em Londres) e também não exige massivos investimentos em infraestrutura.
"O efeito econômico é muito diferente, mas podemos esperar compensar ao menos parcialmente as perda deste mês em julho, com os jogos olímpicos."
Festas de rua
Durante o Jubileu, celebrações de rua, regadas a chá ou drinques, tortas e sanduíches, movimentam um mercado de souvenires e comidas típicas. Muitos britânicos também aproveitam o feriado para viajar - embora a chuva deste ano tenha afugentado banhistas de destinos típicos de veraneio, como Brighton.
Membros da oposição ao primeiro-ministro conservador David Cameron acusam o Banco da Inglaterra de usar as comemorações reais para encobrir uma recessão alimentada pelas medidas de austeridade do governo.
Segundo Reenen, porém, as demandas por bens e serviços de fato não são suficientes para neutralizar os efeitos dos dias não trabalhados sobre o PIB.
"Mas o PIB não é a única medida do contentamento em um país. Se fosse para levar só isso em consideração, logo estaríamos cancelando o Natal e outros feriados", diz Reenen.
Esquecer os problemas
O que explica o entusiasmo dos britânicos por uma festa que consome bilhões de libras em um período de recessão?
Segundo o historiador Bill Purdue, autor de The Monarchy and the British People (A Monarquia e o Povo Britânico), em tempos de crise os eventos reais servem para reacender o orgulho nacional e unir os britânicos.
"É mais ou menos como uma celebração de vitória da Copa no Brasil", diz. "Ao menos por alguns dias as notícias nos jornais são positivas e os britânicos podem esquecer seus problemas - não importa muito se a comemoração faz sentido do ponto de vista econômico."
Purdue lembra que na ocasião do casamento da rainha Elizabeth 2ª, em 1947, a Grã-Bretanha havia acabado de sair da Segunda Guerra Mundial e os tempos eram de austeridade. Nos mercados, havia filas para conseguir itens básicos e produtos como pão e batata não raro sumiam das prateleiras.
Na época, houve até quem enviasse cupons de racionamento para ajudar a rainha a completar o enxoval, embora as doações não tenham sido aceitas.
A necessidade de conter gastos, como agora, certamente foi uma das preocupações dos organizadores do evento - mas isso não quer dizer que o casamento foi austero.
"A verdade é que não faz sentido, nem em tempos de crise, ter um evento real 'baratinho'", diz Purdue.
Ele lembra o caso de William 4º, que fez uma coroação austera em 1830 e teria virado motivo de chacota nacional.
"Se é para ter uma celebração real, o melhor é que seja uma festa grandiosa. Um evento para dar aos britânicos confiança de que dias melhores estão pela frente."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.