Bordões, Maradona e discurso antiviolência encerram campanha na Venezuela
Entre músicas, bandeiras e - sim - bigodes aos montes, parecidos com o que adorna a cara do candidato chavista à Presidência venezuelana, Nicolás Maduro, uma multidão ocupou quilômetros de avenidas no centro de Caracas para o encerramento da corrida presidencial que elegerá o primeiro líder do país na era pós-Chávez, no próximo domingo.
Toques de bom humor colaboraram para desanuviar um pouco da tensão após dez dias de uma campanha de acusações protagonizada por Maduro e pelo candidato da oposição, Henrique Capriles, que também reuniu uma multidão em um ato na cidade de Barquisimeto, no Oeste do país, na quinta-feira.
O clima de festa, no mesmo viaduto na capital venezuelana onde onze anos atrás 19 pessoas perderam a vida em episódios de violência que marcaram o início do fracassado golpe de Estado contra Chávez, superou inclusive a forte associação histórica com a data, 11 de abril.
Por volta das 18h30, o astro argentino de futebol Diego Maradona, cabo eleitoral notório de Chávez, subiu ao palco principal do evento, acenando aos presentes com lágrimas nos olhos e respondendo aos gritos de "yes! yes! yes! yes!", um dos bordões chavistas.
Pouco depois, sob a cantiga de "Chávez, te juro, voto por Maduro", o candidato oficialista apareceu, ao lado do irmão de Chávez, Adán, governador do seu estado natal de Barinas.
"Viva Chávez!", disse Maduro, abrindo o seu último discurso de campanha, enquanto a multidão cantava "Chávez vive, a luta sigue!"
"Quem resgatou esta pátria?", perguntava Maduro, ao que os seus seguidores respondiam, "Chávez!". Depois, um telão atrás do candidato passou a exibir o próprio Chávez cantando o hino nacional venezuelano.
'Povo de Chávez'
Em seu discurso, o herdeiro bolivariano disse que "este é o povo de Chávez".
"O imperialismo e a burguesia decadente e parasitária venezuelana acreditam que a revolução acabou. Creem que, porque perdemos o comandante fisicamente, esta revolução chegou ao fim. Creem que o chavismo acabou", disse Maduro.
"Nós damos essa resposta, com humildade, com convicção, mas com força: agora é que Chávez existirá por muito tempo."
Maduro lembrou que nesta data, onze anos antes, a oposição tentou remover Chávez do poder e fracassou.
"Mas assim como houve um 11 de abril, depois veio um 13 de abril (data da volta ao poder de Chávez), dia da ressurreição, dia de revolução cívica militar, quando resgatamos Chávez e o povo voltou à rua como hoje", prosseguiu.
Ele disse que o governo prendeu em Barquisimeto paramilitares colombianos que tinham explosivos, armas e uniformes oficiais venezuelanos e vinham ao país "para assassinar".
"Estamos desarmando um plano de violência da direita", acusou, acrescentando que o governo divulgará mais detalhes do suposto plano na sexta-feira.
O discurso do candidato oficial foi transmitido ao vivo pelas televisões estatais, que qualificavam a multidão de "maré vermelha" e "furacão bolivariano", e se referiam a Maduro como "o candidato da Pátria".
Contra a violência
Por volta da mesma hora, início da noite, uma caudalosa carreata em favor de Henrique Capriles cruzava os afluentes bairros da região leste de Caracas, realizando um buzinaço que se estendeu por mais de uma hora.
Foi uma das 312 caravanas que a oposição organizou em todo o país para marcar o encerramento da campanha de Capriles.
Em Caracas, a maré de automóveis com pôsteres do candidato opositor marcava um constraste com o grande volume de motos pilotadas por chavistas em camisas vermelhas.
O principal evento da campanha de Capriles - transmitido ao vivo pelas TVs privadas - foi na capital do estado de Lara, um dos três estados governados pela oposição entre os 23 em que se divide o país.
"Venho aqui com um mensagem de profundo respeito a todos os venezuelanos, a todo nosso povo. Eu quero ser presidente não de um grupo, mas de todas as venezuelanas e venezuelanos", disse Capriles.
Em seu discurso, ele aludiu a "muitos obstáculos" que teve de vencer durante a campanha, voltando a acusar o governo de usar a máquina estatal.
"(Nesta campanha) vimos dois projetos: um que abusa, intimida e ameaça, e outro que convoca todos os venezuelanos a empurrar esse país adiante, com fé, com força e com valentia", discursou.
"Não estou aqui porque ando aspirando a um cargo, estou aqui para que conjuntamente, com todas e todos, transformemos esse país no que os venezuelanos aspiram e sonham."
Capriles dirigiu seu discurso, simbolicamente, aos pobres, às mães de família, aos presos e aos policiais; aos que chamou, enfim, dos "que se encontram privados de liberdade".
Também bateu na tecla dos altos níveis de violência, um dos problemas mais graves do país, pelo qual os antichavistas culpam o governo.
"Estou aqui para defender a vida dos venezuelanos", disse Capriles. "A Venezuela que se aproxima é a Venezuela da vida, não da morte."
Ele também prometeu gerar três milhões de empregos - um terço deles para os jovens - e elevar o salário mínimo em 40% de uma vez se for eleito. O governo anunciou um aumento semelhante, porém escalonado.
"Tenho de decretar que na segunda-feira haverá uma nova Venezuela", disse.
Duelo
As palavras de Capriles ecoam o otimismo da oposição quanto a um avanço eleitoral e até mesmo uma surpreendente vitória, apesar de quase todas as pesquisas de opinião apontarem uma diferença de pelo menos dez pontos de vantagem para Maduro.
A aposta da oposição é uma possível abstenção do chavismo "light" - o voto não é obrigatório na Venezuela -, se parte do eleitorado não simpatizar suficientemente com Maduro a ponto de sair de casa no domingo.
Nas eleições de outubro do ano passado, mais de 15 milhões de venezuelanos - 80% dos quase 19 milhões de eleitores registrados - votaram. Chávez foi eleito com 8,2 milhões de votos, enquanto Capriles obteve 6,6 milhões.
Para acompanhar a votação deste domingo, estão na Venezuela delegações de 150 países que cumprirão a função de observadores internacionais.
Maduro e Capriles percorreram os 23 estados do país em apenas dez dias de campanha.
Toques de bom humor colaboraram para desanuviar um pouco da tensão após dez dias de uma campanha de acusações protagonizada por Maduro e pelo candidato da oposição, Henrique Capriles, que também reuniu uma multidão em um ato na cidade de Barquisimeto, no Oeste do país, na quinta-feira.
O clima de festa, no mesmo viaduto na capital venezuelana onde onze anos atrás 19 pessoas perderam a vida em episódios de violência que marcaram o início do fracassado golpe de Estado contra Chávez, superou inclusive a forte associação histórica com a data, 11 de abril.
Por volta das 18h30, o astro argentino de futebol Diego Maradona, cabo eleitoral notório de Chávez, subiu ao palco principal do evento, acenando aos presentes com lágrimas nos olhos e respondendo aos gritos de "yes! yes! yes! yes!", um dos bordões chavistas.
Pouco depois, sob a cantiga de "Chávez, te juro, voto por Maduro", o candidato oficialista apareceu, ao lado do irmão de Chávez, Adán, governador do seu estado natal de Barinas.
"Viva Chávez!", disse Maduro, abrindo o seu último discurso de campanha, enquanto a multidão cantava "Chávez vive, a luta sigue!"
"Quem resgatou esta pátria?", perguntava Maduro, ao que os seus seguidores respondiam, "Chávez!". Depois, um telão atrás do candidato passou a exibir o próprio Chávez cantando o hino nacional venezuelano.
'Povo de Chávez'
Em seu discurso, o herdeiro bolivariano disse que "este é o povo de Chávez".
"O imperialismo e a burguesia decadente e parasitária venezuelana acreditam que a revolução acabou. Creem que, porque perdemos o comandante fisicamente, esta revolução chegou ao fim. Creem que o chavismo acabou", disse Maduro.
"Nós damos essa resposta, com humildade, com convicção, mas com força: agora é que Chávez existirá por muito tempo."
Maduro lembrou que nesta data, onze anos antes, a oposição tentou remover Chávez do poder e fracassou.
"Mas assim como houve um 11 de abril, depois veio um 13 de abril (data da volta ao poder de Chávez), dia da ressurreição, dia de revolução cívica militar, quando resgatamos Chávez e o povo voltou à rua como hoje", prosseguiu.
Ele disse que o governo prendeu em Barquisimeto paramilitares colombianos que tinham explosivos, armas e uniformes oficiais venezuelanos e vinham ao país "para assassinar".
"Estamos desarmando um plano de violência da direita", acusou, acrescentando que o governo divulgará mais detalhes do suposto plano na sexta-feira.
O discurso do candidato oficial foi transmitido ao vivo pelas televisões estatais, que qualificavam a multidão de "maré vermelha" e "furacão bolivariano", e se referiam a Maduro como "o candidato da Pátria".
Contra a violência
Por volta da mesma hora, início da noite, uma caudalosa carreata em favor de Henrique Capriles cruzava os afluentes bairros da região leste de Caracas, realizando um buzinaço que se estendeu por mais de uma hora.
Foi uma das 312 caravanas que a oposição organizou em todo o país para marcar o encerramento da campanha de Capriles.
Em Caracas, a maré de automóveis com pôsteres do candidato opositor marcava um constraste com o grande volume de motos pilotadas por chavistas em camisas vermelhas.
O principal evento da campanha de Capriles - transmitido ao vivo pelas TVs privadas - foi na capital do estado de Lara, um dos três estados governados pela oposição entre os 23 em que se divide o país.
"Venho aqui com um mensagem de profundo respeito a todos os venezuelanos, a todo nosso povo. Eu quero ser presidente não de um grupo, mas de todas as venezuelanas e venezuelanos", disse Capriles.
Em seu discurso, ele aludiu a "muitos obstáculos" que teve de vencer durante a campanha, voltando a acusar o governo de usar a máquina estatal.
"(Nesta campanha) vimos dois projetos: um que abusa, intimida e ameaça, e outro que convoca todos os venezuelanos a empurrar esse país adiante, com fé, com força e com valentia", discursou.
"Não estou aqui porque ando aspirando a um cargo, estou aqui para que conjuntamente, com todas e todos, transformemos esse país no que os venezuelanos aspiram e sonham."
Capriles dirigiu seu discurso, simbolicamente, aos pobres, às mães de família, aos presos e aos policiais; aos que chamou, enfim, dos "que se encontram privados de liberdade".
Também bateu na tecla dos altos níveis de violência, um dos problemas mais graves do país, pelo qual os antichavistas culpam o governo.
"Estou aqui para defender a vida dos venezuelanos", disse Capriles. "A Venezuela que se aproxima é a Venezuela da vida, não da morte."
Ele também prometeu gerar três milhões de empregos - um terço deles para os jovens - e elevar o salário mínimo em 40% de uma vez se for eleito. O governo anunciou um aumento semelhante, porém escalonado.
"Tenho de decretar que na segunda-feira haverá uma nova Venezuela", disse.
Duelo
As palavras de Capriles ecoam o otimismo da oposição quanto a um avanço eleitoral e até mesmo uma surpreendente vitória, apesar de quase todas as pesquisas de opinião apontarem uma diferença de pelo menos dez pontos de vantagem para Maduro.
A aposta da oposição é uma possível abstenção do chavismo "light" - o voto não é obrigatório na Venezuela -, se parte do eleitorado não simpatizar suficientemente com Maduro a ponto de sair de casa no domingo.
Nas eleições de outubro do ano passado, mais de 15 milhões de venezuelanos - 80% dos quase 19 milhões de eleitores registrados - votaram. Chávez foi eleito com 8,2 milhões de votos, enquanto Capriles obteve 6,6 milhões.
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Maduro e Capriles percorreram os 23 estados do país em apenas dez dias de campanha.
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