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Refugiados chegam à Alemanha após calvário pela Hungria e Áustria

Refugiados comemoram chegada à principal estação ferroviária de Munique, na Alemanha - Michael Probst/AP
Refugiados comemoram chegada à principal estação ferroviária de Munique, na Alemanha Imagem: Michael Probst/AP

05/09/2015 14h05

Chegou à Munique, no sul da Alemanha, o primeiro grupo dos milhares de refugiados que devem entrar ao país nos próximos dias, vindos da Hungria e da Áustria.


Alemães aplaudiram e ofereceram doces aos cerca de 450 migrantes que desembarcaram na estação de trem. Outros 10 mil devem chegar nas próximas horas.

O calvário desse grupo de refugiados mostra como a União Europeia não está conseguindo lidar com as pessoas que chegam aos países do bloco em busca de refúgio.

No início da semana, esses refugiados viveram momentos de caos e desespero em Budapeste, após o governo húngaro impedi-los de seguirem viagem a países da Europa Ocidental, especialmente a Alemanha.

Muitos dos migrantes se recusaram a ser levados para campos na Hungria onde seriam registrados para conseguirem refúgio, afirmando que queriam ir para a Alemanha ou para a Áustria.

Depois de dias de impasse e cenas de violência, multidões furaram o bloqueio imposto pelo governo húngaro e começaram a andar os 175 quilômetros até a fronteira, muitos acompanhados de idosos e crianças pequenas.

Pressão

Sob crescente pressão, a Hungria finalmente abriu sua fronteira com a Áustria - calcula-se que cerca de 10 mil pessoas cruzaram a fronteira neste sábado.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que seu país pode lidar com o fluxo de refugiados sem aumentar impostos e nem comprometer o orçamento do país.

A Áustria anunciou que não vai limitar o número de migrantes que atravessam as suas fronteiras.

No entanto, até o momento, há poucos sinais de uma resposta coordenada da União Europeia, apesar de mais de 350 mil refugiados terem cruzado as fronteiras do bloco desde o início do ano.

A chefe da UE para Política Externa, Federica Mogherini, afirmou que a crise dos refugiados na Europa "chegou para ficar" e os países devem agir em conjunto.

A Alemanha, apoiada pela Comissão Europeia, vem pressionando para que seja instaurado um sistema de cotas para que os países do bloco se dividam na hora de receber os refugiados.

Mas essa proposta vem enfrentando a oposição de diversos países do leste do bloco.

A Hungria disse que apesar de ter afrouxado temporariamente suas restrições para o trânsito de refugiados, vai levar adiante seus planos de intensificar o controle nas fronteiras e pode enviar tropas para protegê-las.

No entanto, Federica Mogherini disse que há espaço para otimismo.

"Eu tenho, sim, esperança. Eu sempre tenho esperança. Mas eu tenho de admitir que a discussão está sendo difícil. Mas, repito: ninguém tem a ilusão, e ninguém pode ter a ilusão, de que há algum país do bloco que não está preocupado com essa crise", disse.

"Em três meses, outros países-membros estarão em foco, e em seis meses, podem ser outros ainda. Estamos todos juntos nessa, e o quanto antes percebermos que temos de tomar medidas urgentes em conjunto, será melhor e mais eficiente."