Em busca de votos, Maduro se remete à Chávez e Capriles percorre país

Carola Solé.

Caracas, 17 mar (EFE).- Na caçada pelos votos a quatro semanas das eleições, o presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, visitou neste domingo um bairro de Caracas envolvido pela figura do presidente Hugo Chávez, enquanto o candidato de oposição Henrique Capriles continuou sua extensa excursão pelo país e exigiu um debate.

Utilizando uma linguagem religiosa, apelando para "cruzadas" e "apóstolos", ambos os candidatos começaram a concentrar suas atenções nas ruas e nas promessas eleitorais para convencer os venezuelanos nas eleições do próximo dia 14 de abril, que vão ocorrer sob a sombra de Chávez, que morreu no último dia 5.

Apesar de sua agenda de pré-campanha ter se restringido à Caracas hoje, Maduro anunciou que a partir de amanhã começará a percorrer "todos os lugares" que seu corpo permitir para pregar a mensagem e o legado do falecido presidente e seu sogro.

"Nós nos assumimos como apóstolos de Chávez e as mulheres e homens, que somos ministros, ministras e dirigentes fundamentais da revolução, anunciamos hoje aqui que vamos às ruas da Venezuela, vamos viajar pelo país para chamar o povo para a organização", disse em pronunciamento na comunidade de Petare.

Maduro inaugurou no local uma quadra esportiva, jogou basquete com os jovens do bairro e também dançou ao som do rap, afirmando que o combate à violência e à criminalidade são suas metas principais.

"Eu quero ser o presidente da paz, da paz absoluta, da convivência, da vida", disse ao eliminar aquilo que, durante muitos anos, foi um tabu para o governo do país. De acordo com números oficiais, a Venezuela é uma das sociedades mais violentas da América Latina com 50 homicídios para cada 100 mil habitantes.

A figura e o nome de Chávez estão constantemente presentes em seu discurso, também não faltaram referências ao falecido presidente nas mensagens de estreia de sua conta no Twitter, @NicolasMaduro.

"Chávez, juro que continuarei leal a você, ao povo e à Revolução! Vamos lhe entregar a vitória de 14 de abril com mais de 10 milhões de votos!", disse Maduro no Twitter, que até 19h20 locais (20h50 de Brasília) era seguido por 150 mil pessoas.

Em meio às críticas da oposição sobre o uso do falecido presidente para ganhos políticos, a emissora de televisão estatal estreou hoje o programa "Alô Comandante", que reproduz os melhores momentos do famoso programa "Alô Presidente", comandado por Chávez durante 13 anos.

Já o candidato de oposição Henrique Capriles continuou imerso em sua "cruzada" pelo país com um comício no estado de Falcón (noroeste) e uma visita ao estado petroleiro do Zulia (oeste), onde fez uma caminhada junto com milhares de seguidores que culminou em um discurso.

"Falta menos de um mês. Se eu chegar à Presidência, vou aumentar o salário mínimo em pelo menos 40%", prometeu Capriles aos seus seguidores, afirmando sua vontade de compensar a desvalorização de 31,7% do bolívar, decretada pelo governo no dia 8 de fevereiro.

Capriles, que estava praticamente sem voz, voltou a desafiar Maduro hoje para um debate, convencido de que o seu rival não aguentaria "nem cinco minutos".

"É verdade que o país merece um debate? Mas os covardes não vão para os debates. Vamos fazer um debate, não se escondam, o povo quer um debate!", exclamou Capriles em Falcón.

O oposicionista se comprometeu em acabar com a "longa lista de problemas" do país, como a falta de segurança, a escassez, os blecautes elétricos e a falta d'água. Também disse que vai acabar com a "as doações" de dinheiro e petróleo para países aliados do atual Executivo como Cuba e alguns países das América Central e do Caribe.

"Vamos acabar com as doações de dinheiro para outros países, nossa prioridade é resolver os problemas econômicos do povo", sentenciou.

Entre promessas, acusações e ameaças, a pré-campanha venezuelana também teve hoje os Estados Unidos como protagonistas.

Maduro alertou o presidente Barack Obama hoje que "funcionários do Pentágono e da CIA" estão por trás dos planos para assassinar Capriles junto com os ex-embaixadores Roger Noriega e Otto Reich. Além disso, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela rejeitou declarações do Departamento de Estado americano sobre as próximas eleições.

O CNE considerou como "desrespeitoso" um comunicado dos EUA que pedia a realização de eleições "com os altos padrões democráticos do hemisfério". O conselho afirmou que as eleições de 14 de abril na Venezuela serão "livres, transparentes e justas".

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