Comércio, evasão fiscal e Síria marcam a agenda da cúpula do G8

Javier Aja.

Belfast (R.Unido), 16 jun (EFE).- Em plena escalada do conflito na Síria, os líderes do G8 (grupo formado pelos sete países mais ricos do mundo e a Rússia) se reúnem segunda-feira e terça-feira em um isolado hotel de luxo da Irlanda do Norte para falar de comércio, transparência e evasão fiscal.

Esses três últimos temas constituíram o eixo da agenda desenhada pelo governo do Reino Unido, que desempenha este ano a presidência do G8, para a cúpula anual que acontecerá, entre fortes medidas de segurança, no complexo de Lough Erne, próximo à cidade norte-irlandesa de Enniskillen.

No entanto, a busca de uma solução à violência na Síria se transformou agora em algo prioritário, depois que países como Estados Unidos e Reino Unido confirmaram que o regime de Bashar al Assad utilizou armas químicas contra os rebeldes e a população civil.

O problema reside no fato que o G8 - composto por EUA, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Rússia - não parece estar ainda em condições de adotar uma posição comum sobre este assunto.

Enquanto o presidente americano, Barack Obama, já anunciou que está disposto a fornecer armas à oposição síria, o primeiro-ministro e principal aliado americano, o conservador David Cameron, não se pronunciou a respeito.

No lado oposto, o presidente russo, Vladimir Putin, expressou sua rotunda rejeição a qualquer tentativa do Ocidente de fornecer armas aos rebeldes do país árabe, apesar de Moscou ter proporcionado ajuda militar a Damasco.

Outros países como França, Alemanha e Itália apoiam a recente decisão adotada pela União Europeia (UE) para suspender o embargo de armas à Síria, embora o bloco ainda confie em achar uma "solução política" ao conflito.

No final de maio, a UE autorizou seus países-membros a facilitar armas à oposição síria, embora todos tenham se comprometido a não fazê-lo antes de agosto a fim de dar uma oportunidade à via diplomática.

No plano econômico, o G8 pode estar mais perto de chegar a algum acordo sobre comércio, transparência e evasão fiscal, fundamentais, segundo Cameron, para reativar a economia global.

O premiê britânico quer aproveitar a reunião na Irlanda do Norte para iniciar formalmente uma rodada de conversas entre a UE e os EUA para conseguir um tratado de livre-comércio (TLC) transatlântico.

A seu favor está o fato de que os ministros de Comércio da UE já chegaram a um acordo para outorgar à Comissão Europeia o pertinente mandato para iniciar negociações com os EUA.

Segundo os analistas, um TLC poderia representar 119 bilhões de euros a mais para o Produto Interno Bruto europeu, além de 400 mil novos postos de trabalho.

A crise econômica e a saturação da cidadania com seus políticos também criou um contexto propício para que, "após anos de abusos", sejam tomadas medidas concretas para lutar contra a evasão impositiva e os paraísos fiscais, reconheceu Cameron.

Por enquanto o chefe do Governo de Londres já conquistou uma vitória ao chegar ontem em Londres a um acordo nesta matéria com os territórios britânicos de ultramar.

Os representantes das Ilhas Virgens Britânicas, Bermuda, Gibraltar, Anguila, Montserrat e Turks e Caicos se comprometeram a cumprir uma série de medidas destinadas a promover a transparência fiscal e a troca de informação entre as distintas jurisdições.

Todos eles concordaram em participar de uma iniciativa piloto sobre troca automática de informação fiscal iniciada por Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha e à qual se espera que mais países se inscrevam após a cúpula do G8.

Também se comprometeram a unir-se à chamada Convenção Multilateral sobre Assistência Administrativa Mútua em Assuntos Fiscais, uma iniciativa impulsionada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Neste ambiente de otimismo, Cameron espera, além disso, extrair de seus parceiros no G8 um compromisso para rejeitar o pagamento de resgates em sequestros que servem para financiar o terrorismo internacional.

Ao contrário de outros países, Londres já adotou como política oficial negar o pagamento de resgates de sequestros, uma prática que teria garantido aos terroristas durante os últimos cinco anos quase 50 milhões de euros, muitos dos quais foram parar com grupos como a Al Qaeda e os talibãs.

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