Caracas, 5 jul (EFE).- O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta-feira que decidiu conceder "asilo humanitário" ao ex-técnico da CIA Edward Snowden para "protegê-lo da perseguição" contra ele por parte dos Estados Unidos.

"Decidi oferecer asilo humanitário ao jovem americano Edward Snowden para que na pátria de (Simón) Bolívar e de (Hugo) Chávez possa vir a viver", disse Maduro em discurso no dia em que é lembrado o 202º aniversário da independência da Venezuela.

Maduro afirmou que decidiu "oferecer esta figura do direito humanitário internacional para proteger este jovem Snowden da perseguição do mais poderoso império do mundo contra um jovem que o que fez foi dizer a verdade".

"Quem viola a lei internacional, um jovem que decidiu em uma atitude de rebeldia dizer as verdades da espionagem dos EUA contra o mundo ou um governo como o dos EUA ou um poder como o poder das elites imperialistas que espiona o mundo inteiro?", questionou.

O presidente venezuelano lembrou mais uma vez o incidente sofrido na terça-feira pelo governante boliviano, Evo Morales, que teve que esperar 13 horas em Viena por causa da proibição de vários países europeus de que passasse por seu território devido à suspeita de que estava com Snowden a bordo.

Esse incidente "provocou a loucura imperial da elite que governa os EUA perseguindo um jovem de 29 anos", declarou Maduro, que garantiu que ministros de governo envolvidos neste "fato vergonhoso" tinham confirmado que a CIA fechou o espaço aéreo para o avião de Morales.

"A CIA pessoalmente ligou para as autoridades aeronáuticas de Espanha, Portugal, Itália e França e lhes ordenou fechar o espaço aéreo do avião de nosso presidente Evo Morales", disse.

Snowden, de 30 anos, está desde 23 de junho na zona de trânsito do aeroporto Sheremetyevo de Moscou, aonde desembarcou em um voo procedente de Hong Kong, e aguarda que algum dos mais de 20 países aos quais solicitou asilo aceite seu pedido.

O ex-agente da CIA, que revelou à imprensa uma trama de espionagem das comunicações em massa por parte dos serviços secretos dos EUA, acusa seu país por três supostos crimes de espionagem.