Vencedores do Nobel da Paz alertam para risco de guerra entre potências
Os participantes da 14ª Cúpula Mundial de Prêmios Nobel da Paz de Roma expressaram neste domingo, em seu documento final, sua "profunda preocupação pelos riscos crescentes de uma guerra, também nuclear, entre as grandes potências" do mundo.
Este evento reuniu nos últimos três dias na capital italiana 12 vencedores de prêmios Nobel da Paz e diversas organizações internacionais e humanitárias em homenagem ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, falecido no ano passado.
O encontro reuniu o dalai-lama; o último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev; o arcebispo e herói contra o apartheid na África do Sul, Desmond Tutu, e o ex-presidente do Timor-Leste, José Ramos-Horta.
Também participaram a advogada iraniana Shirin Ebadi, a jornalista iemenita Tawakkul Karman, o ex-presidente polonês Lech Walesa e as ativistas Leymah Gbowee (Libéria), Joddy Williams (Estados Unidos) e Mairead Maguire, David Trimble e Betty Williams (Irlanda do Norte).
Em um documento conjunto lido pela liberiana Leymah Gbowee no Campidoglio, sede da prefeitura romana, os participantes alertam para os riscos bélicos existentes no âmbito internacional.
Os Nobel da Paz expressaram sua "profunda preocupação pelos crescentes riscos de uma guerra, também nuclear, entre as grandes potências. Um risco provocado pela persistente convicção que se possa conseguir um objetivo por meio da força militar", alertaram.
Neste sentido, criticaram que "o mundo continue ameaçado por 16.000 ogivas nucleares", ressaltando que as despesas militares do ano passado alcançaram US$ 1,7 trilhão.
Os agraciados com o prêmio Nobel reforçaram o pedido do papa Francisco de "abolir totalmente as armas nucleares" e concordaram com ele em exortar às potências a "empreender o mais rápido possível uma negociação para tal fim".
Além disso, condenaram o uso de "novas armas robóticas" e pediram a "suspensão imediata do uso de novas armas indiscriminadas".
Também mostraram sua preocupação pelos conflitos em diversas partes do mundo como Síria, Iraque, Israel e Palestina, Afeganistão, Sudão do Sul e Ucrânia.
Este último, além disso, "ameaça a estabilidade na Europa e mina sua capacidade de exercitar um papel positivo" no plano internacional.
Também alertaram para o fanatismo religioso, que representa "outra ameaça para a paz".
Além dos conflitos bélicos, os signatários do documento se disseram "convencidos" que estes "não são a única ameaça à segurança humana" e também advertiram para as consequências do efeito estufa, da mudança climática, da degradação do ecossistema, do "drama" dos 10 milhões de apátridas e dos 50 milhões de refugiados ou "dos crescentes abusos contra mulheres e crianças".
Por último se referiram à "inaceitável pobreza" que faz com que 2 bilhões de pessoas tenham que sobreviver com menos de US$ 2 por dia e lamentaram o "crescente e insustentável" desemprego, "especialmente entre os jovens".
Perante esta situação, os participantes da cúpula disseram que é preciso "fazer tudo o que seja necessário para inverter esta perigosa tendência".
"Precisamos de novas e substanciais ideias e propostas que ajudem à atual geração de líderes políticos a superar a severa crise nas relações internacionais, restaurar um diálogo normalizado e criar instituições e mecanismos que satisfaçam as necessidades atuais", recomendaram.
Esta conferência deveria ter sido realizada no início de outubro na Cidade do Cabo, mas foi cancelada depois que o governo da África do Sul negou o visto ao Dalai Lama, líder espiritual e político tibetano.
Por esta razão, finalmente se decidiu realizar o encontro em Roma, cidade na qual nasceu este fórum e que recebeu suas oito primeiras edições.
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