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Cristina Kirchner anuncia criação de nova Agência Federal de Inteligência

26/01/2015 22h41

Buenos Aires, 26 jan (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta segunda-feira o envio de um projeto de lei ao parlamento para dissolver a Secretaria de Inteligência e criar uma nova Agência Federal de Inteligência.

Em mensagem ao país em rede nacional, a presidente explicou que a reforma dos serviços de Inteligência responde à necessidade de "tornar transparente um sistema que não foi de diligência e não serviu aos interesses nacionais".

Cristina explicou também os motivos que a levaram a renovar a cúpula dos serviços de inteligência, no final do ano passado, e a nomear à sua frente um homem de sua máxima confiança, Oscar Parrilli, com duas instruções: deslocar agentes que vinham da ditadura e trabalhar em um projeto de reforma do sistema.

"É uma dívida pendente da democracia", disse.

Segundo a governante, após a assinatura do acordo de entendimento alcançado com o Irã, em 2013, "começou a se observar que certos organismos, mais concretamente a Secretaria de Inteligência, tentaram bombardear o acordo".

"Se intensificam também as denúncias contra a presidente. Começam a acontecer com ritmo vertiginoso e com a cumplicidade de grupos de juízes, denunciantes anônimos e também dos jornalistas amplificadores ou dos meios de desinformação amplificadores", acrescentou.

Segundo Cristina, se apresentaram "todo tipo de denúncias contra a presidente como nunca se viu em nenhuma etapa da democracia".

Entre suas competências, a nova agência terá de investigar atos de terrorismo, tráfico de armas, crimes cibernéticos, tráfico humano, narcotráfico e delitos contra a ordem econômica e financeira.

A nova agência abrangerá a unidade de Inteligência Criminal que agora depende o Ministério de Segurança. Além disso, se transfere o sistema judiciário de escutas ao Ministério Público Fiscal.

Segundo o projeto, "toda relação ou atuação de funcionários ou empregados de qualquer dos poderes públicos vinculados às atividades reguladas pela lei" deverão ser dirigidas apenas ao diretor ou ao subdiretor da agência.

A iniciativa elimina assim o contato entre juízes, ministros e qualquer funcionário com os agentes de inteligência, uma prática questionada após a morte do promotor Alberto Nisman pelos vínculos revelados entre o sistema judiciário e os serviços secretos.

"A única via para conectar-se vai ser precisamente a institucional", ressaltou Cristina, que antecipou que enviará o projeto ao parlamento com caráter urgente, antes de sua viagem à China que começará no próximo fim de semana, e que marcará um prazo máximo de 90 dias para sua tramitação.