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Tsipras questiona vontade do FMI em chegar a acordo

24/06/2015 09h48

Atenas, 24 jun (EFE).- O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, questionou nesta quarta-feira a vontade do Fundo Monetário Internacional (FMI) para chegar a um acordo com a Grécia, devido às ressalvas da entidade sobre o plano de reformas do país.

Fontes governamentais afirmaram que, pouco antes de partir para Bruxelas, Tsipras disse a sua equipe que a "perseverança de algumas instituições" em não aceitar medidas alternativas para alcançar o objetivo econômico estipulado no programa de resgate "nunca ocorreu em lugar nenhum, nem na Irlanda nem em Portugal".

Tsipras acrescentou que este "comportamento estranho só pode ter duas explicações: ou não querem um acordo ou querem servir a interesses específicos na Grécia".

O primeiro-ministro atribuiu isso aos problemas colocados pelo FMI, que acredita que o plano grego focou demais em elevar a pressão fiscal, com altas do IVA e nos impostos empresariais, em vez de reduzir o gasto público.

O ministro do Trabalho, Panos Skurletis, afirmou em entrevista à rádio pública que "a insistência do FMI em cortes tornam o acordo politicamente problemático".

Estas declarações foram feitas horas antes de Tsipras se reunir em Bruxelas com os líderes das três instituições, Christine Lagarde, do FMI, Mario Draghi, do Banco Central Europeu, e Jean-Claude Juncker, em uma tentativa de evitar que o acordo fracasse no último momento.

Enquanto isso, em Atenas diversos representantes do governo defenderam hoje o plano apresentado aos credores e as concessões que tiveram que ser feitas pelo Executivo.

O ministro adjunto das Relações Exteriores e coordenador por parte da Grécia nas negociações, Euklidis Tsakalotos, pediu aos militantes do Syriza e aos cidadãos para que não julguem antecipadamente o acordo e "esperem até que se firme para ter uma ideia global".

"A conquista mais importante é que se reduz o superávit primário de 3% para 1% este ano, e de 4,5% para 2016 e nos anos subsequentes, a 2% em 2016 e a 3% nos próximo anos", destacou Tsakalotos, em alusão ao que as instituições tinham cedido substancialmente em relação aos objetivos iniciais.

Esta redução dos objetivos para o superávit primário "permitirá que o país volte mais facilmente ao crescimento", acrescentou Tsakalotos.

O porta-voz do grupo parlamentar do Syriza, Nikos Filis, destacou em declarações no parlamento que "alguns europeus tentaram sem sucesso durante cinco meses derrubar o governo do Syriza", e disse que o mais importante é conseguir um acordo "que permita que a Grécia volte ao crescimento e torne a dívida sustentável".

De acordo com o ministro de Reconstrução Produtiva e líder da ala radical do Syriza, Panayotis Lafazanis, há três condições para a assinatura de um acordo: o fim da austeridade, uma forte injeção de liquidez à economia e uma remissão de grande parte da dívida.

O deputado do nacionalista Gregos Independentes, Pavlos Jaikalis disse que "se (o acordo) não prevê a sustentabilidade da dívida não será aprovado pelo parlamento".