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China pede prudência ao Japão após aprovação de reforma militar

Multidão protesta contra o projeto de lei de segurança do governo japonês em frente ao edifício do Parlamento, em Tóquio. A nova legislação permitiria que as tropas japonesas lutem no exterior pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial - Kyodo/Reuters
Multidão protesta contra o projeto de lei de segurança do governo japonês em frente ao edifício do Parlamento, em Tóquio. A nova legislação permitiria que as tropas japonesas lutem no exterior pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial Imagem: Kyodo/Reuters

Em Pequim

19/09/2015 01h33

A China pediu neste sábado (19) ao Japão que atue com prudência depois que o parlamento japonês aprovou a reforma militar que dá mais competências às suas forças armadas, uma medida muito questionada pelos próprios cidadãos do país e vista com receio por seus vizinhos.

"Pedimos seriamente ao Japão que aprenda com as lições da história e ouça os justos pedidos de seu povo e da comunidade internacional, e preste atenção às preocupações de segurança de seus vizinhos", assinalou hoje Hong Lei, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em comunicado.

A reforma militar japonesa, promovida pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, permitirá que as forças armadas do país defendam seus aliados e prestem apoio logístico aos mesmos, em caso de ataque. Também autoriza o país a participar de operações de segurança da ONU, além de ações para garantir a segurança de rotas marítimas e para libertar cidadãos japoneses sequestrados no exterior.

A Carta Magna patrocinada pela ocupação americana após a Segunda Guerra Mundial estabelece em seu nono artigo que o Japão só pode usar a força para sua própria defesa, o que até agora impedia o envio de tropas para operações fora de seu território.

No entanto, segundo mostram as pesquisas e as manifestações maciças que se sucederam diante do parlamento japonês nas últimas semanas, mais da metade dos japoneses é contrária a este novo papel do exército.

Além disso, a reforma é vista com desconfiança na China, país que sofreu com a violenta invasão e ocupação japonesa entre 1937 e 1945 e onde há um sentimento permanente de que o Japão ainda não demonstrou seu arrependimento sincero por essas ações.

As disputas territoriais pelas ilhas Senkaku (chamadas Diaoyu em chinês), que são controladas pelo Japão, e o importante acordo de defesa entre Tóquio e os Estados Unidos contribuem para as suspeitas de Pequim, que vem construindo há anos uma Marinha capaz de projetar seu poder em águas internacionais.

O porta-voz chinês reforçou o ponto de vista de Pequim de que a aprovação parlamentar da reforma militar japonesa "marca uma ação sem precedentes" por parte de Tóquio desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Hong também assinalou que existe preocupação entre os "vizinhos asiáticos" do Japão por essa medida e reiterou o pedido para que Tóquio aja com prudência no terreno militar e se esforce para promover a paz e a estabilidade na região.