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Hillary sobe o tom contra Sanders após derrota em New Hampshire

12/02/2016 03h36

Marc Arcas.

Washington, 11 fev (EFE).- A pré-candidata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, subiu o tom nesta quinta-feira contra seu rival Bernie Sanders, a quem atacou insistentemente no primeiro debate realizado desde a sua derrota por ampla margem na última terça-feira nas eleições primárias em New Hampshire.

Logo após o início do debate, as moderadoras perguntaram a Sanders quanto ele calculava que a aplicação de seus programas poderia custar ao governo federal caso ele seja eleito presidente e, após a resposta do senador, Hillary interveio sem que lhe fosse oferecida a palavra.

"Com base nas propostas do senador Sanders, o tamanho do governo federal aumentaria em cerca de 40%. Todos os economistas progressistas que falaram sobre seu programa de saúde gratuita universal dizem que os números não batem", criticou a ex-secretária de Estado sobre os planos de seu adversário.

Este episódio inicial marcou o tom do restante do debate, mais belicoso que os anteriores, e durante o qual Hillary insistiu em várias ocasiões que o povo americano "necessita saber especificamente" como funcionariam as propostas do senador, que se autoproclama um socialista democrático.

"Como estive nas trincheiras lutando por isto (a cobertura de saúde), deixem-me dizer que não somos a Inglaterra, que não somos a França. Eu fui muito específica com minhas propostas dizendo quanto elas custariam", comentou a ex-primeira dama.

Sanders respondeu aos ataques de Hillary e ao fato de que ela repetiu em várias ocasiões a frase "quando eu for presidente" com um breve: "Hillary, você ainda não está na Casa Branca".

Um dos temas em que os dois candidatos mais se confrontaram foi o relativo à política migratória, que será crucial nas próximas semanas, já que a próxima reunião eleitoral para os democratas é em Nevada, um estado com grande percentual de população latina e imigrante.

"Eu votei a favor de uma reforma migratória integral quando estava no Senado; o senador Sanders votou contra", comentou Hillary, que foi senadora por Nova York e que, segundo as pesquisas, goza de maior popularidade entre negros e latinos do que Sanders.

O senador por Vermont, por outro lado, respondeu lembrando que grandes organizações latinas também se opuseram à reforma na época porque a mesma não garantia as condições trabalhistas dos imigrantes e podia levar a casos de exploração, e pediu a regularização dos 11 milhões de imigrantes ilegais que se calcula que vivem nos EUA.

Além disso, Sanders insistiu em suas críticas contra parte das políticas migratórias do presidente Barack Obama, especialmente com as deportações de imigrantes realizadas no início deste ano.

"Quando vemos gente fugindo de Honduras e de países com tantos problemas de violência na América Central, não acredito que devemos expulsá-los", sentenciou o senador. Já Hillary respondeu que "é preciso mandar uma mensagem para as famílias da América Central, para que não enviem seus filhos nesta viagem tão perigosa".

"Não sei para quem você está mandando uma mensagem. Estas são crianças que fogem da guerra", alfinetou Sanders.

O debate, realizado em Milwaukee, no estado de Wisconsin, e organizado pela emissora pública de televisão "PBS", voltou a deixar em evidência a questão do financiamento das campanhas políticas, e Hillary tomou distância dos grupos de ação política (SuperPACs) formados por grandes doadores e que lhe dão apoio.

"Não posso responder por eles", afirmou a pré-candidata, para imediatamente negar que os mesmos poderão ter algum tipo de influência política caso ela chegue à presidência.

"Não insultemos a inteligência das pessoas. Por que Wall Street, as farmacêuticas e as petrolíferas gastam milhões de dólares em campanhas? Apenas por diversão?", respondeu Sanders, que financia sua campanha apenas com contribuições de cidadãos, com uma média de US$ 27 por doador.

Hillary também investiu contra seu rival pelas críticas que fez ao presidente Barack Obama, por tê-lo tachado de "fraco" e de uma "decepção", ao assegurar que esperava "essas palavras de um republicano, mas não de uma pessoa que se apresenta pelo Partido Democrata".

Diante dessas palavras, Sanders perguntou a Hillary se ela tinha discordado do presidente alguma vez, assegurou que um senador "tem o direito" de discordar do presidente, mesmo que ele "tenha feito grandes coisas" e lembrou que foi precisamente Hillary quem concorreu contra Obama em 2008.