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Manobras militares e ameaças aumentam tensão na península da Coreia

3.mar.2016 - Canal de TV da Coreia do Sul transmite o lançamento de mísseis de curto alcance pela Coreia do Norte, pouco após o anúncio de novas sanções pela ONU ao país - Yao Qilin/Xinhua
3.mar.2016 - Canal de TV da Coreia do Sul transmite o lançamento de mísseis de curto alcance pela Coreia do Norte, pouco após o anúncio de novas sanções pela ONU ao país Imagem: Yao Qilin/Xinhua

Atahualpa Amerise

Em Seul (Coreia do Sul)

07/03/2016 09h18

A tensão na península coreana aumentou nesta segunda-feira (7) com o início das maiores manobras militares já executadas pela Coreia do Sul e pelos Estados Unidos, que mobilizaram milhares de tropas, em um exercício pensado sob a ameaça de um "ataque preventivo" de resposta da Coreia do Norte.

As forças conjuntas iniciaram os exercícios anuais 'Key Resolve' e 'Foal Eagle' com mais de 17 mil soldados militares americanos --o maior número da história-- e 300 mil sul-coreanos, com o objetivo de coordenar a defesa diante de um eventual conflito com o poderoso Exército Popular de Kim Jong-un.

As manobras, que serão realizadas até dia 18, no caso do 'Key Resolve', e até final de abril, no do 'Foal Eagle', são as de maior escala até hoje, tanto pelo número de soldados como no volume de equipamentos, já que os aliados querem, com elas, enviar uma mensagem contundente à Coreia do Norte após seus recentes testes nuclear e de mísseis.

Seul e Washington praticarão táticas de combate conjuntas que não haviam sido ensaiadas antes e realizarão o polêmico exercício OPLAN 5015, que simula a inutilização de armas de destruição em massa do inimigo e a preparação das tropas para um ataque preventivo.

Em sua agressiva resposta ao início das manobras, transmitida pela imprensa estatal, a Coreia do Norte afirmou que o OPLAN 5015 significa a tentativa de Coreia do Sul e Estados Unidos de iniciar uma guerra para "derrubar seu governo e destruir o sistema social" do país.

O regime de Kim Jong-un assegurou que "o Exército Popular executará atos militares preventivos de neutralização que poderiam provocar golpes mortíferos e sem piedade no inimigo", segundo o comunicado assinado pela Comissão Nacional de Defesa.

O mais alto órgão de direção militar norte-coreano também ameaçou dirigir "um ataque nuclear indiscriminado" contra os Estados Unidos e seus aliados e prometeu reduzir suas bases "a mares de chamas e cinzas em um instante com somente o apertar de um botão".

Assim, a tensão subiu hoje mais um degrau na Península de Coreia, e pouco serviu que as forças dos EUA na Coreia do Sul (USFK) comunicassem a Pyongyang a natureza defensiva e "não provocadora" de suas manobras, em uma mensagem do Comando das Nações Unidas na fronteira do paralelo 38.

Enquanto isso, o ministro de Defesa da Coreia do Sul, Moon Sang-gyun, advertiu que Seul contestará "com decisão e sem piedade qualquer tipo de provocação" e pediu à Coreia do Norte que "pare com sua insolência, comentários e ações autodestrutivas".

A China mostrou oposição tanto às ameaças da Coreia do Norte como aos novos exercícios militares dos aliados no Sul.

O Ministério de Relações Exteriores de Pequim externou sua "preocupação" com as manobras 'Key Resolve' e 'Foal Eagle' e se opôs a "qualquer ação que possa causar problemas". Sobre a ameaça da Coreia do Norte, pediu que aja com moderação.

O Japão, por sua vez, anunciou que "nunca poderá tolerar que a Coreia do Norte realize atos provocadores", segundo um porta-voz do governo.

A tensão deve continuar nas próximas semanas, no mínimo enquanto durarem as manobras militares. No domingo, se unirá ao comboio americano o grupo do porta-aviões de propulsão nuclear USS John C. Stennis e outros navios de combate.

Os Estados Unidos, que mantêm permanentemente 28.500 soldados na Coreia do Sul, continuam firmes com o compromisso de defender seu aliado em caso de conflito.

A Coreia do Norte está sofrendo uma especial pressão devido às recentes sanções do Conselho de Segurança da ONU, que impôs um duro bloqueio comercial ao país, em uma tentativa de esgotar as fontes de receita que financiam seus programas nuclear e de mísseis.