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Kuczynski completa longa trajetória política com vitória no Peru

Janine Costa/Reuters
Imagem: Janine Costa/Reuters

Fernando Gimeno

Em Lima

09/06/2016 21h01

O economista e ex-ministro peruano Pedro Pablo Kuczynski colocou, aos 77 anos, a cereja no bolo de sua ampla trajetória política com o triunfo nas eleições presidenciais do país.

Com 100% da apuração concluída, Kuczynski obteve 50,12% dos votos contra 49,88% de sua rival, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, uma estreita vantagem obtida em parte graças ao apoio de outras forças políticas do país para impedir o retorno do fujimorismo ao poder.

Após ser gerente-geral do Banco Central e ministro nos governos de Fernando Belanúde Terry e Alejandro Toledo, o virtual presidente eleito substituirá Ollanta Humala, que conclui seu mandato no próximo dia 28 de julho.

O candidato do movimento Peruanos pelo Kambio (PPK, sigla que também faz alusão ao seu nome) conseguiu a vitória após ter sido candidato em 2011 e não ter nem passado ao segundo turno, quando acabou apoiando Keiko para evitar uma vitória de Humala.

Desta vez, Kuczynski se apresentou como um veterano economista que contribuiu no governo de Toledo para recuperar o país da crise e da corrupção deixada por Alberto Fujimori, detido desde 2009 após ter sido condenado a 25 anos de prisão.

Durante a campanha, PPK obteve o apoio de várias celebridades peruanas, como do escritor Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura de 2010, e de Javier Pérez de Cuéllar, ex-secretário-geral da ONU.

Também recebeu respaldo de alguns de seus rivais no primeiro turno, como do próprio Toledo, da líder da Frente Ampla, a esquerdista Verónika Mendoza, do economista Julio Guzmán, e da líder do Partido Popular Cristão, Lourdes Flores.

Kuczynski propôs um novo impulso à economia e à produção do país com uma redução de impostos ao consumo. Além disso, prometeu levar água potável a dez milhões de peruanos, uma missão que começou a ser cumprida há cinco anos pela ONG Água Limpa.

Seus adversários, por outro lado, o criticaram por ter cedido à pressão de lobistas quando foi ministro, adotando medidas como dar benefícios tributários a empresas estrangeiras e privatizar a exploração de gás da jazida de Camisea, no sul do país.

Os rivais ainda criticam PPK por ter também nacionalidade americana, à qual o presidente garantiu ter renunciado de maneira definitiva no ano passado, e também o fato de ele ter passado cinco dias viajando aos Estados Unidos durante o período de campanha para o segundo turno.

Além do passaporte americano, ele também é considerado "gringo" por parte dos peruanos por ser filho do médico judeu alemão Maxime Kuczynski, que chegou ao Peru fugindo do nazismo para estudar doenças tropicais na Amazônia, e da professora franco-suíça Madeleine Godard, tia do cineasta Jean-Luc Godard.

Formado em Economia nas universidades de Oxford (Inglaterra) e Princeton (Estados Unidos), Kuczynski deixou o Peru em duas ocasiões após ter trabalhado na administração pública.

A primeira foi em 1968, acusado pelo governo militar de entregar dinheiro à Internacional Petroleum Company (IPC), já nacionalizada na época, enquanto gerente do Banco Central.

Kuczynski voltou ao Peru em 1980 como ministro da Energia, sua especialidade, mas voltou aos EUA dois anos depois por ameaças terroristas e após renunciar ao cargo devido aos protestos contra uma lei que dava isenções fiscais à exploração de gás e petróleo.

Nos períodos longe do Peru, o economista trabalhou como chefe de Planejamento e Política no Banco Mundial (BM) e também no setor de mineração na África Ocidental.

Fora da política, Kuczynski é casado com a americana Nancy Ann Lange, prima da atriz Jessica Lange, que já conquistou duas estatuetas no Oscar.

Quem é o novo presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski?

AFP