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Cameron diz que seguirá no governo seja qual for o resultado do referendo

Para Cameron, o resultado do referendo "não será um veredicto" sobre a sua atuação como político - Parliamentary Recording Unit/AP
Para Cameron, o resultado do referendo "não será um veredicto" sobre a sua atuação como político Imagem: Parliamentary Recording Unit/AP

Em Londres

18/06/2016 05h21

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou que continuará à frente do governo independentemente do resultado do referendo do próximo dia 23, em entrevista divulgada neste sábado (18) pelo jornal "The Times".

Cameron diz que se sente "responsável" pela consulta, na qual os britânicos decidirão se continuam na União Europeia (UE), que ele mesmo prometeu convocar se ganhasse com maioria as eleições gerais de 2015.

O líder conservador também considera que ele seria a pessoa mais adequada para liderar as negociações que seriam desencadeadas por uma hipotética vitória do "brexit", a saída do Reino Unido do clube comunitário, graças a suas "sólidas relações" na Europa.

Nesse sentido, o premiê britânico considera que "é muito importante que as carreiras individuais dos políticos não se misturem nesta questão".

Para Cameron, o resultado do referendo "não será um veredicto" sobre a sua atuação como político, mas se tratará de "um veredicto sobre a questão" da continuidade britânica na UE.

"Eu simplesmente vou seguir com meu trabalho. Tenho um mandato muito claro dado pelo povo britânico para servir como primeiro-ministro em um governo conservador, realizando o referendo", comentou o premiê, em alusão a seu cargo como chefe do Executivo neste cenário.

O líder conservador reconheceu que nem todos os seus colegas compartilham deste ponto de vista, em particular o ministro da Justiça e amigo pessoal de Cameron, Michael Gove, porta-bandeira da campanha do "brexit".

"Não pode ser uma condição de amizade concordar com todo o mundo sobre tudo", afirmou Cameron a respeito.

A menos de uma semana para a consulta, a campanha para o referendo do dia 23 sofreu uma mudança brusca nesta quinta-feira com o assassinato a tiros da deputada trabalhista Jo Cox, pró-União Europeia, enquanto exercia seu trabalho como parlamentar, cometido por um homem de 52 anos que supostamente mantinha vínculos com a extrema direita e tinha problemas mentais.

O fato provocou a suspensão por parte dos dois lados, tanto favoráveis como contrários ao "brexit", de todos os eventos de campanha em nível nacional por respeito à jovem deputada.

A polícia britânica acusou formalmente Tommy Mair pelo assassinato de Jo Cox, que tinha 41 anos e era mãe de duas crianças, e deverá comparecer hoje perante a Justiça.