Lula terá que trabalhar muito para reagrupar oposição, diz Frei Chico
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deixou a prisão nesta sexta-feira um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a possibilidade de prisão de condenados em segunda instância, terá que se dedicar intensamente, após a soltura, a reagrupar a oposição ao governo de Jair Bolsonaro, afirmou Frei Chico, um dos irmãos de Lula, em entrevista à Agência Efe.
"(Lula) terá que fazer um trabalho muito grande para reagrupar as forças democráticas, não só a esquerda. Tem que ser todas as forças democráticas", ressaltou.
Ainda de acordo com o irmão do ex-presidente, Lula encontrará "muitos obstáculos" para conseguir essa unificação. Entre eles, Frei Chico citou uma parte da imprensa, a qual classificou como dona de uma atitude "de ódio" em relação ao PT.
"Não vai ser algo tão simples, sair e resolver. Ele (Lula) tem que montar uma frente de oposição de pessoas democratas, de vários partidos e correntes de pensamento para tentar salvar o Brasil", opinou.
Frei Chico foi responsável por introduzir Lula na vida sindical em plena ditadura militar, antes de dar o salto à política e se tornar presidente.
Lula cumpria desde 7 de abril de 2018, em uma sala da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, uma pena de 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.
O ex-presidente foi preso após sua condenação ter sido ratificada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em função de uma decisão do STF de 2016 que permitia a execução da pena uma vez confirmada em segunda instância e mesmo com recursos pendentes em cortes superiores.
Entretanto, ontem o Supremo voltou atrás em relação a esse entendimento sobre prisão em segunda instância, decidindo que os condenados só poderão ser encarcerados após o trânsito em julgado, ou seja, quando tiverem sido esgotados todos os recursos.
Essa decisão do STF, tomada em uma votação apertada (placar de 6 a 5), abriu a oportunidade para que Lula e outros milhares de condenados deixassem a prisão.
"Considero que alguns ministros (do Supremo) tiveram coragem ao enfrentar a reação anticonstitucional que está em desenvolvimento", afirmou o irmão do ex-presidente.
Frei Chico também disse o que vai fazer ao reencontrar Lula - em São Bernardo do Campo.
"A primeira coisa que farei é dar um abraço e, se for possível, tomar uma cachaça. Há muita gente que quer vê-lo, então não quero dificultar nada", contou.
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