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Israel adota medidas preventivas após morte de Soleiman no Iraque

Autoridades israelenses irão fechar o acesso ao Monte Hérmon, região nas Colinas de Golã, ocupadas pela Síria - Baz Ratner/Reuters
Autoridades israelenses irão fechar o acesso ao Monte Hérmon, região nas Colinas de Golã, ocupadas pela Síria Imagem: Baz Ratner/Reuters

Da EFE, em Jerusalém (Israel)

03/01/2020 14h10

Israel começou hoje a tomar medidas para se proteger de possíveis represálias após o bombardeio americano que matou o general iraniano Qasem Soleimani, comandante da Força Quds, unidade especial dos Guardiões da Revolução Islâmica, na noite de ontem.

"Após uma avaliação da situação, foi decidido fechar o Monte Hérmon (nas Colinas de Golã, ocupadas pela Síria) aos visitantes durante o dia de hoje", informou o exército israelense à Agência Efe.

É a primeira medida preventiva após o ataque ao aeroporto de Bagdá, que matou Soleimani e também o vice-presidente das Forças de Mobilização Popular (PMF, na sigla em inglês), milícia iraquiana majoritariamente xiita que combateu o Estado Islâmico, Abu Mahdi al-Muhandis.

O Monte Hérmon foi alvo de bombardeiros sírios e está localizado a apenas alguns quilômetros da fronteira com o Líbano.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou hoje à Efe que o presidente decidiu antecipar a volta da Grécia, onde inicialmente permaneceria até amanhã, depois de ter assinado ontem um importante acordo para um gasoduto com Atenas e Chipre.

"O presidente Donald Trump merece todo o crédito por agir rápida, forte e decisivamente. Israel apoia os Estados Unidos em sua luta pela paz, segurança e autodefesa", afirmou o premiê, que fez duras críticas a Soleimani.

"Ele é responsável pela morte de cidadãos americanos e de muitas outras pessoas inocentes e estava planejando outros ataques", denunciou.

A imprensa israelense relatou que o Ministério das Relações Exteriores havia aumentado a segurança nas embaixadas e delegações ao redor do mundo, mas, quando solicitado por jornalistas, um porta-voz se recusou a comentar sobre medidas e questões de segurança.

Na Faixa de Gaza, o movimento islâmico Hamas, em nota, condenou a morte de Soleimani, observando que ele desempenhou um papel importante e crítico no apoio à resistência palestina em todos os níveis.

"Neste triste momento, o Hamas condena o assédio americano que cria disputas e tumultos na região com o único propósito de servir os interesses da ocupação israelense", pronunciou-se o movimento, culpando Washington pelo derramamento de sangue na região e acusando os EUA de agir com agressividade e fomentar o conflito.

Como foi o ataque

O ataque coordenado pelos EUA contra um aeroporto em Bagdá, no Iraque, matou Qasem Soleimani, o chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irã, considerado um dos homens mais importantes do país. Além dele, ao menos outras sete pessoas morreram. Entre elas estava Abu Mahdi al-Muhandis, comandante de milícia do Iraque, apoiada pelo Irã. A milícia da qual ele fazia parte também atribuiu a morte aos EUA.

Naim Qassem, segundo na linha de comando do Hezbollah no Líbano, também seria uma das vítimas.

A Guarda Quds é uma força de elite do exército iraniano e teria sido responsável pela invasão da Embaixada dos EUA, em Bagdá, no início desta semana.

Pentágono diz que ataque foi ordenado por Trump

O Pentágono confirmou que o ataque aconteceu "sob ordens do presidente" Donald Trump. "Os militares dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal dos EUA no exterior, matando Qasem Soleimani", afirmou em nota.

"Este ataque teve como objetivo impedir futuros planos de ataque iranianos. Os Estados Unidos continuarão a tomar todas as medidas necessárias para proteger nosso povo e nossos interesses, onde quer que estejam ao redor do mundo", concluiu.

De acordo com o Pentágono, Soleimani "orquestrou" ataques em bases de coalizão no Iraque ao longo dos últimos meses e aprovou os "ataques" na embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos no início desta semana.

Horas após a confirmação da morte de Soleimani, a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, que na terça-feira foi alvo de um ataque por uma multidão pró-Irã, recomendou a seus cidadãos que deixem o Iraque "imediatamente".

Aiatolá do Irã fala em vingança e premiê, em guerra duradoura

O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que vai "vingar" a morte de Soleimani e decretou três dias de luto nacional no país.

"O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos estes anos (...) Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e a de outros mártires", afirmou Khamenei em sua conta no Twitter em farsi.

Khameni nomeou o vice de Qasem Soleimani, o general Esmail Ghaani, como novo chefe das Forças Quds. O programa da força "permanecerá inalterado em relação ao período de seu antecessor", afirmou o aiatolá.

O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi, afirmou nesta sexta-feira que o ataque vai "desencadear uma guerra devastadora no Iraque". "O assassinato de um comandante militar iraquiano que ocupava um posto oficial é uma agressão contra o Iraque, seu Estado, seu governo e seu povo", afirmou.

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