Aeroportuários decidem manter greve ao menos até terça-feira

Eduardo Simões

  • Celso Barbosa/Futura Press

    Funcionários em greve do aeroporto Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, fazem manifestação nesta quinta-feira (1º)

    Funcionários em greve do aeroporto Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, fazem manifestação nesta quinta-feira (1º)

Os aeroportuários decidiram manter a paralisação nos 63 aeroportos operados pela estatal Infraero ao menos até a próxima terça-feira, quando haverá uma audiência de conciliação entre a categoria e a empresa na Justiça do Trabalho, disse o diretor administrativo do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Samuel Santos.

Segundo ele, a categoria vai respeitar decisão liminar do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que impôs restrições à paralisação sob pena de pagamento de multa diária de R$ 50 mil, embora o sindicato discorde das limitações impostas.

O que pedem os aeroportuários

Aumento salarial de 16%, manutenção do plano de saúde -- o sindicato alega que a Infraero teria indicado diminuição da extensão deste -- aumento na Participação nos Lucros e Resultado (PLR), e reajuste nos salários de profissionais de nível técnico

Nesta quinta-feira (1º), os índices de atraso e cancelamentos de voos eram superiores aos registrados na véspera, primeiro dia de paralisação dos aeroportuários. Entretanto, de acordo com a Infraero, isso se deve ao fechamento dos aeroportos Santos Dumont e Galeão, no Rio de Janeiro, por questões climáticas. De acordo com a estatal, a situação nos aeroportos era normal, apesar da manifestação.

"A greve está mantida até terça-feira, respeitando a liminar (do TST)", disse Santos à Reuters por telefone. "A Infraero diz que a greve foi pífia, mas pede uma liminar restringindo o nosso direito. Nosso sentimento é de vitória", garantiu.

Apesar de a Infraero afirmar que os índices mais altos de cancelamento e atrasos nesta quinta se devem ao fechamento dos aeroportos do Rio, o sindicalista acredita que a greve está tendo efeito nos serviços da estatal.

O que diz a Infraero

A companhia propõe reajuste de 6,4%, conforme acordo coletivo, e defende que negociações sejam feitas sem paralisações. A Infraero diz que não procede a informação de redução de benefícios

"Acreditamos que sim, porque o setor aeroportuário trabalha em cascata", disse.

Em boletim atualizado às 17h, a Infraero disse que 26% dos voos domésticos sofreram atrasos e 5% foram cancelados. Na véspera, neste mesmo horário, esses índices eram de 14,9% e 1,4%, respectivamente.

Nos voos internacionais, ainda de acordo com a estatal, os atrasos representavam 31,6% e os cancelamentos 3,4%. Na quarta-feira, no boletim de mesmo horário, os índices eram de 20,2% e de 1%.

Na noite de quarta-feira, o presidente do TST, ministro Carlos Alberto Reis, rejeitou pedido da Infraero para que a greve fosse considerada abusiva e decidiu que a paralisação poderia continuar, desde sejam mantidos 100% das operações de controle de tráfego aéreo, 70% das de segurança e operação e 40% das demais áreas.

O diretor do Sina disse que, apesar de respeitar a decisão, o sindicato não concorda com ela e estuda maneiras de convencer o presidente do TST a revê-la.

"A gente vai tentar mostrar que a liminar não atende aos trabalhadores", disse. "Direito de greve é um direito que todo trabalhador deve ter", acrescentou.

A Infraero informou que seu Departamento Jurídico estuda a liminar e que ainda não há decisão da estatal sobre um eventual questionamento da decisão.

O ministro Carlos Alberto Reis marcou uma audiência de conciliação entre o sindicato e a Infraero para a próxima terça-feira. A categoria pede, entre outros pontos, reajuste salarial de 16% e melhoria nos benefícios. A estatal ofereceu aumento de 6,4%, que representa a reposição da inflação entre maio do ano passado e abril deste ano.

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