Itaú Unibanco tem lucro recorde de R$4,6 bi no 4º tri e ações disparam

Por Aluísio Alves e Guillermo Parra-Bernal

SÃO PAULO, 4 Fev (Reuters) - Uma forte crescimento do crédito e das receitas com serviços, temperado com queda das despesas com provisões para calotes, fez o Itaú Unibanco superar previsões de lucro do quarto trimestre, impulsionando suas ações nesta terça-feira.

De outubro a dezembro, maior banco privado da América Latina teve lucro líquido recorde de 4,646 bilhões de reais, alta de 33 por cento na comparação com mesma etapa de 2012.

Excluindo efeitos extraordinários, o lucro foi de 4,68 bilhões de reais, avanço ano a ano de 33,6 por cento e bem acima dos 4,14 bilhões de reais esperados em média por sete analistas consultados pela Reuters.

"Mesmo sem um cenário econômico maravilhoso, colhemos o resultado de uma política de crédito mais conservadora", disse a jornalistas o presidente-executivo do banco, Roberto Setubal.

Um dado que surpreendeu os analistas foi o forte aumento da carteira de financiamentos, de 5,9 por cento ante o trimestre anterior, a 483,4 bilhões de reais, puxado pelos segmentos de consignado, imobiliário e das operações na América Latina.

A incorporação da Credicard, comprada em maio, fez a linha cartão de crédito disparar 25,9 por cento em apenas três meses. Ante o último trimestre de 2012, a carteira total do Itaú subiu 13,3 por cento, contra projeção do próprio banco de alta de 8 a 11 por cento. A previsão para 2014 é de alta de 10 a 13 por cento.

Na semana passada, os rivais privados Bradesco e Santander Brasil divulgaram alta anual de suas carteiras de 10,8 por cento e 7,3 por cento, respectivamente.

Favorecido por taxas de juros mais elevadas, a reboque da elevação da Selic, o Itaú teve margem com clientes 2 por cento maior na comparação anual, para 11,96 bilhões de reais. Em outra frente, a receita com serviços e tarifas somou 6,04 bilhões de reais, alta anual de 17,2 por cento.

A ênfase em produtos de menor risco fez o Itaú também registrar queda da inadimplência medida pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias, para 3,7 por cento, ante 3,9 por cento de julho a setembro e 4,8 por cento um ano antes.

Segundo Setubal, mesmo com a economia brasileira crescendo pouco, o banco espera "alguma queda adicional" da inadimplência diante da melhora contínua nas condições de crédito.

Com isso, suas despesas com provisões para perdas com calotes somaram 4,19 bilhões de reais, queda de 7,6 por cento ante o terceiro trimestre e de 27 por cento no ano a ano.

Resultado dessa combinação, a rentabilidade sobre patrimônio líquido (ROE), que mede como os bancos aplicam os recursos dos acionistas, foi de 23,9 por cento entre outubro e dezembro em termos recorrentes, acima do resultado de 19,3 por cento registrado no quarto trimestre de 2012.

Após o acordo de fusão, anunciado semana passada, de sua unidade chilena com o CorpBanca, que tem operações do Chile e Colômbia, o Itaú Unibanco passará a ter cerca de 15 por cento em operações no exterior, disse Setubal, acrescentando que a instituição também tem interesse no varejo bancário de países como México e Peru.

REAÇÃO DO MERCADO

O analista Marcelo Telles, do Credit Suisse, afirmou em relatório que os números mostraram que o Itaú está remodelando seu negócio com sucesso e a reafirmou a ação do banco como sua preferida no setor bancário brasileiro.

Os analistas Gustavo Lobo, Eduardo Rosman e Jose Luis Rizzardo do BTG Pactual afirmaram em nota, após elevar a recomendação dos papéis para "compra", que "pode não ser tão breve, mais a ação do Itaú é definitivamente a que nós queremos ter no Brasil".

Na Bovespa, a ação do banco subiu 4,85 por cento, maior alta diária desde 21 de maio de 2012, a 31,35 reais, e foi o papel com maior peso na alta de 1,77 por cento do Ibovespa.

O senão do resultado foi o aumento de 7,5 por cento das despesas não decorrentes de juros no quarto trimestre. No ano, essa linha cresceu 7,4 por cento, ficando acima da previsão do banco de alta de 4 a 6 por cento. Para 2014, o Itaú Unibanco espera um crescimento de entre 5,5 e 7,5 por cento nas despesas excluindo os efeitos da Credicard.

(Com reportagem adicional Alberto Alerigi Jr)

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