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Na urna municipal, continuísmo fala mais alto que polarização

Lula e Bolsonaro estão empenhados em fazer da eleição municipal deste ano uma prévia do que será o embate entre seus grupos políticos em 2026. Os dois estão articulando chapas de candidatos a prefeito nas maiores cidades do país, tentando federalizar as disputas locais. Será que vão conseguir?

Na maior cidade do país, sim. A disputa está concentrada entre o candidato apoiado por Lula, Guilherme Boulos (PSOL), e o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que foi pedir bênção a Bolsonaro e tenta evitar que o ex-presidente lance um candidato apoiado por ele na cidade. Mas São Paulo é mais exceção do que regra.

Tradicionalmente, nas eleições municipais o eleitor se preocupa mais com o posto de saúde do seu bairro, com a escola dos seus filhos, e com o transporte para ir e voltar para casa do que com questões puramente ideológicas.

Por essa lógica, a eleição se transforma em um plebiscito sobre a atuação do prefeito que está comandando a cidade, seja ela qual for. Se a gestão é bem avaliada, o incumbente tende a se reeleger ou fazer o sucessor. Se não é, ganha a oposição.

Duas das melhores manifestações dessa maneira de escolher o candidato são as eleições de prefeito no Recife e no Rio de Janeiro.

Na capital pernambucana, o atual prefeito, João Campos (PSB), tem 69% de aprovação de seu governo e 75% das intenções de voto para reelegê-lo, segundo o Datafolha. Plebiscito local. Nada a ver com o jogo de poder federal entre Lula e Bolsonaro.

Ajuda também o fato de Campos ser a quarta geração de políticos da poderosa família Arraes (bisneto de Miguel Arraes e filho de Eduardo Campos - ambos foram governadores de Pernambuco) e de ter milhões de seguidores no Instagram. Se fosse mal avaliado pelos recifenses, porém, não teria chances de se reeleger.

No Rio, o prefeito Eduardo Paes tem 46% de aprovação a este seu terceiro mandato e 53% das intenções de voto. Outro plebiscito.

Essa lógica plebiscitária continua valendo para a maioria das cidades do país. Em 2024, mais até do que em pleitos anteriores, por uma razão: uma enchente de verbas públicas.

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Deputados e senadores conseguiram empenhar quase R$ 36 bilhões em emendas orçamentárias para seus quintais eleitorais antes da eleição - muito mais do que em qualquer outro pleito anterior. Esse dinheiro vai ajudar prefeitos, mais do que nunca, a se reelegerem ou fazerem seus sucessores. Farra do continuísmo.

Isso não quer dizer que Lula e Bolsonaro não joguem um papel importante na eleição. Jogam. Mas, na maioria dos lugares, quem define é o morador satisfeito ou insatisfeito com a gestão do prefeito da sua cidade.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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