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Reforçados por emendas, prefeitos são favoritos à reeleição em 2024

Quem são os maiores padrinhos da eleição deste ano? Lula? Bolsonaro? O apoio de ambos é ansiado por mais de um candidato a prefeito nas disputas em várias cidades importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Mas, para a grande maioria dos municípios brasileiros, os atuais prefeitos serão, mais do que nos últimos pleitos municipais, os mais importantes eleitores em outubro. Por dois motivos: dinheiro e confiança.

Pesquisa nacional do Ipec (ex-Ibope) mostra que, na média, os atuais prefeitos inspiram mais confiança na população do que o presidente da República: 55 contra 47, numa escala de 0 a 100. A diferença é de oito pontos em favor dos governantes locais.

Esse nível de confiança dos prefeitos, de 55, é o mais alto da série histórica, iniciada em 2009. Desde então, houve três eleições municipais: em 2012, 2016 e 2020. Nota-se uma associação entre nível de confiança e taxa de reeleição. Quanto maior a confiança nos gestores municipais, mais deles se reelegem.

A marca do pleito de 2016, por exemplo, foi a renovação. Era um período de extrema desconfiança dos brasileiros em relação às instituições, e os governos locais não eram exceções.

O índice de confiança dos prefeitos em 2016 era apenas 32, o mais baixo da série histórica. Como resultado, a taxa de reeleição dos prefeitos foi a mais baixa do século: só 46% voltaram para a cadeira de onde comandavam suas cidades. A maioria absoluta não se reelegeu, como o então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, derrotado ainda no 1º turno por João Doria.

Quatro anos depois, o ímpeto de renovação na política havia perdido força. Eram tempos de pandemia e incerteza. Os prefeitos foram importantes para se contrapor às políticas de saúde negacionistas e antivacina de Jair Bolsonaro, que ocupava a Presidência da República.

Prefeitos e presidente empatavam em nível de confiança em 2020: o índice do Ipec era de 46 para ambos. Mesmo assim, talvez devido aos efeitos desastrosos do negacionismo presidencial, os incumbentes foram muito mais bem sucedidos na eleição municipal do que Bolsonaro: 63% deles conseguiram se reeleger.

Já dos 18 candidatos a prefeito que foram explicitamente apoiados pelo presidente naquele ano, apenas cinco conseguiram se eleger: taxa de sucesso de pífios 28%. Foi um fiasco. Os candidatos de Bolsonaro perderam no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, entre outras capitais e grandes cidades.

Os atuais governantes municipais entram na campanha eleitoral de 2024 com um nível de confiança nove pontos mais alto do que o de quatro anos atrás. É um forte indicativo de que sua taxa de sucesso nas eleições deste ano tende a ser ainda mais alta do que a do pleito passado. É possível que alcance ou até supere a da eleição de 2008, quando 69% dos prefeitos se reelegeram.

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Uma das principais explicações para esse fenômeno é dinheiro. Os cofres municipais foram inundados como nunca por verbas de emendas parlamentares ao orçamento da União. Foram dezenas de bilhões de reais enviados por deputados e senadores para serem gastos por seus apadrinhados nos municípios nos últimos anos.

Essa apropriação do dinheiro federal pelos congressistas mudou a correlação de forças entre o Executivo e o Legislativo, em benefício, principalmente, dos partidos fisiológicos do Arenão liderados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. Isso certamente terá um grande impacto no resultado das urnas.

Ao mesmo tempo que a Presidência perdeu poder para o Congresso, o nível de confiança no presidente Lula está em 47, apenas um ponto a mais do que tinha Bolsonaro quatro anos atrás. O nível de confiança atual em Lula é 22 pontos menor do que o que ele tinha em 2010, último ano do seu segundo mandato. E é 16 pontos menor do que o nível de confiança em Dilma Rousseff em 2012, ano em que o PT elegeu Haddad prefeito em São Paulo, por exemplo.

Tudo indica que:

  • Lula terá trabalho para não repetir o fiasco de Bolsonaro em 2020;
  • Os atuais prefeitos deverão comemorar este ano com seus padrinhos deputados e senadores uma taxa de reeleição raramente vista;
  • Partidos fisiológicos beneficiados por mais emendas ao orçamento devem crescer em número de prefeitos e vereadores, que se tornarão cabos eleitorais importantes para essas siglas voltarem ainda mais fortes após a eleição parlamentar de 2026.

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