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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pare o roubo!

Capitólio dos EUA onde fica o Senado e a Câmara dos Representantes dos EUA - Drew Angerer/Getty Images/AFP
Capitólio dos EUA onde fica o Senado e a Câmara dos Representantes dos EUA Imagem: Drew Angerer/Getty Images/AFP

Paula Gomes Moreira é Consultora Internacional, Doutora em Relações Internacionais (UnB) e membro da ABRADEP

Paula Gomes Moreira é Consultora Internacional, Doutora em Relações Internacionais (UnB) e membro da ABRADEP

17/09/2022 04h00

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O movimento 'Pare o Roubo' que teve seu ápice no ano de 2020, nos Estados Unidos, tentava a reintegração de Trump à presidência. O mesmo projeto, agora adaptado, atravessou fronteiras e ameaça o futuro das eleições no Brasil.

Sua história tem início com protestos ocorridos na Pensilvânia, Colorado e Ohio, em solidariedade ao ex-presidente. Seus apoiadores se fundamentaram em alegações de que as eleições daquele ano haviam sido roubadas. Esses eventos vieram a resultar na invasão do Capitólio, em Washington.

Inspirados por organizações conservadoras do Tea Party, eles buscavam qualquer tipo de anomalia que os ajudasse a fundamentar a crença de fraude no dia da votação. Com isso, seus membros se reuniram a nível estadual e local, para a realização de auditorias eleitorais. Representantes políticos e apoiadores da ideia também se voluntariaram para posições de monitoramento eleitoral, como parte das estratégias capazes de invalidar os resultados pós-eleitorais e que pudessem interromper a transferência de poder.

A partir de 2021, o movimento deixou de focar somente no dia da eleição, para reforçar vulnerabilidades no sistema eleitoral americano como um todo, tendo a integridade eleitoral como sua iteração. Mais uma vez, o que se viu foi o forte protagonismo do Tea Party, porém, agora, suas ações se voltavam à tentativa de invalidar o próximo pleito, e assim sucessivamente.

Cenário semelhante tem se projetado no Brasil, com a proximidade das eleições de 2022. São recorrentes as manifestações por parte do movimento de base, além do próprio presidente em exercício, que defendem o "voto impresso auditável". Ou mesmo, ataques diretos à confiabilidade da urna eletrônica, vinda de representantes políticos, que tem como interesse sua permanência no Congresso.

Assim, são perceptíveis as afinidades que se apresentam entre os movimentos em ascensão em ambos os países. Todavia, como a literatura especializada confirma, essa é uma estratégia que tem sido utilizada por incumbentes em democracias eleitorais ao redor do mundo. Em resumo, esses movimentos pretendem mediante a defesa de que uma eleição foi fraudada, fazer com que a certificação de seus resultados seja anulada, sendo o Brasil o próximo país a atrair a atenção no âmbito desse debate.