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Em SP, tucanos e bolsonaristas travam duelo por sobrevivência política
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O primeiro turno da eleição em São Paulo pode definir o tamanho e a importância do chamado bolsonarismo e do PSDB a partir de 2023. Não é exagero afirmar que esses dois agrupamentos políticos travam uma luta pela sobrevivência no maior colégio eleitoral do país.
Como o tucano Rodrigo Garcia e o bolsonarista Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) disputam uma vaga na fase decisiva da eleição, a estimativa de analistas, políticos e integrantes das duas campanhas é de um jogo de "vida ou morte" nesta semana decisiva.
Para o PSDB, é fundamental manter o controle de um dos maiores orçamentos públicos do país, o que significa uma máquina poderosa para fazer política. O mesmo raciocínio vale para o bolsonarismo, corrente da qual Tarcísio tenta manter uma certa distância regulamentar, mas para a qual não consegue virar as costas nem abandoná-la completamente.
Se o presidente Jair Bolsonaro (PL) for derrotado na tentativa de reeleição, a aposta no mundo político é de que, em caso de vitória de Tarcísio em São Paulo, o estado se transforme em uma trincheira segura e poderosa para que ele e sua família mantenham relevância política no cenário nacional.
De acordo com a mais recente pesquisa Datafolha, Tarcísio e Rodrigo estão, respectivamente, com 23% e os 19% de intenção de voto, enquanto Fernando Haddad (PT) se mantém na liderança com 34%. Portanto, é pouco provável que o tucano, candidato à reeleição, e o afilhado político de Jair Bolsonaro (PL) passem juntos para a fase decisiva da eleição em São Paulo.
Um tucano da campanha de Rodrigo, ouvido reservadamente pela coluna, avalia ser grande o risco de o PSDB virar um partido "nanico" no âmbito nacional se for derrotado em São Paulo. Afinal, desde que Fernando Henrique Cardoso deixou a Presidência da República, em 2002, os tucanos se escoram no estado, assim como fizeram com Minas, para continuar implementando políticas públicas de expressão e sobrevivendo eleitoralmente.
Do lado de Tarcísio, um interlocutor do candidato e do presidente diz que o ex-ministro de Bolsonaro jamais trairá a confiança de seu padrinho político. Ele ressalva, porém, que o ex-ministro manterá autonomia administrativa em caso de uma vitória na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.
Ainda que o atual governador, que se filiou ao PSDB em 2020, seja considerado um "neotucano", e que Tarcísio cultive um estilo diferente do adotado por Bolsonaro, ambos são vistos como "confiáveis". O resumo é: tanto Rodrigo quanto Tarcísio sabem de suas responsabilidades para com os grupos políticos representados por ambos.
Outro fator em comum, segundo o entorno dois candidatos: aquele que vencer a eleição em São Paulo se transformará automaticamente em "presidenciável" para 2026. No caso de Rodrigo e de Tarcísio, um dos dois será forte líder do campo da centro-direita no país.
Estratégias. Para esta última e decisiva semana, Tarcísio apostará em um alinhamento das intenções de votos dele com as de Bolsonaro no Estado. Rodrigo deverá seguir na busca de apoios à direita, no centro e até entre eleitores de Lula.
Segundo levantamento exclusivo feito pela consultoria Quaest para a coluna, 55% dos eleitores de Bolsonaro dizem que os votos para presidente e governador devem estar em sincronia, o que beneficia Tarcísio e outros candidatos bolsonaristas em diferentes estados.
Do lado de Lula (PT), porém, esse percentual é menor: 46%. Ou seja, Rodrigo tem chances de conquistar apoios de petistas que buscam tirar Jair Bolsonaro do segundo turno em São Paulo.
Segundo um tucano ouvido pela coluna, a avaliação na campanha do governador é de que muita gente que está votando em Lula para substituir o presidente não está se dando conta do risco que São Paulo está correndo de se transformar em QG do clã Bolsonaro em caso de vitória de Tarcísio.
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