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Alckmin dá a volta por cima, mostra lealdade e quebra resistências a Lula
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A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também é o ápice da trajetória de volta por cima de Geraldo Alckmin (PSB), o ex-governador de São Paulo que durante décadas foi adversário dos petistas.
No evento que lançou a candidatura Lula ao Planalto, Alckmin fez um discurso, por meio de um telão, que quebrou resistências a ele na esquerda. Um ex-governador do PT conta, por exemplo, ter derramado lágrimas enquanto assistia a um adversário de tanto tempo dizer frases como "Lula é, hoje, a esperança que resta ao Brasil. Não é a primeira, a segunda nem a terceira. Ele é a única via da esperança para o Brasil".
Começava naquele dia, 7 de maio de 2022, a ganhar corpo a ideia de uma frente ampla a ser formada em torno de Lula. Durante toda a campanha, Alckmin fez questão de demonstrar sua lealdade e fidelidade ao candidato a presidente: trabalhou intensamente na campanha, falou pouco ou quase nada com a imprensa e, quando questionado, sempre fez questão de elogiar o petista. Assim, parece ter saído ileso da grande fogueira de vaidades do PT.
Alckmin também encarou uma das mais difíceis missões da campanha, a de trabalhar por Lula em setores historicamente refratários ao PT, como os do agronegócio e do mercado financeiro. Foi um dos responsáveis pela aproximação entre o presidente eleito e o grupo de economistas ligados aos governos do PSDB.
O ex-governador também teve como objetivo diminuir as resistências a Lula no interior de São Paulo. A boa votação do presidente eleito no estado, maior colégio eleitoral do país, comprova o sucesso da empreitada. Apesar de ter sido derrotado por Bolsonaro, o petista recuperou o terreno perdido pelo PT ao longo da última década.
Do ponto de vista pessoal, o sucesso da chapa Lula-Alckmin representa uma espécie de vingança do ex-governador. Alckmin deixou o PSDB, partido que ajudou a fundar e pelo qual comandou São Paulo por quatro mandatos, pela porta dos fundos, em dezembro de 2021, quando percebeu que não teria chances de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes.
Naquela altura, o então governador de São Paulo, João Doria (PSDB), era um ativo postulante à Presidência da República e, por conta de suas pretensões eleitorais, decidiu apoiar seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), para sua sucessão.
Doria não conseguiu concorrer ao Planalto. Rodrigo Garcia perdeu a eleição para o governo de São Paulo no primeiro turno. Enquanto isso, a partir de janeiro, Alckmin ocupará a Vice-Presidência da República e, segundo interlocutores de Lula, terá tarefas importantes para comandar no futuro governo.
Segundo apurou a coluna, Alckmin não pretende assumir um ministério no futuro governo. Ele e Lula, por ora, estariam de acordo nessa questão. Porém, o presidente eleito tem afirmado planejar contar com a experiência administrativa do ex-governador na coordenação de projetos especiais.
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