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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Sucessão de Marinho abre discussão sobre necessidade de renovação do PT-SP

Luiz Marinho, ministro do Trabalho, durante encontro com centrais sindicais no Palácio do Planalto, em Brasília - FÁTIMA MEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO
Luiz Marinho, ministro do Trabalho, durante encontro com centrais sindicais no Palácio do Planalto, em Brasília Imagem: FÁTIMA MEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

26/01/2023 10h46Atualizada em 26/01/2023 18h25

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O PT inicia no próximo mês um processo interno que buscará redefinir seu futuro em São Paulo, estado onde o partido nasceu e se fortaleceu para chegar à Presidência da República, mas que virou motivo de preocupação diante de uma série de adversidades.

Em linhas gerais, o diagnóstico interno do partido é de que o PT está diante e um cenário preocupante e precisa iniciar um processo de renovação em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, se não quiser perder espaços políticos ao centro e também à esquerda, especialmente entre o eleitorado jovem.

Esse processo passa pela escolha do novo presidente do diretório estadual do PT em São Paulo. Como Luiz Marinho assumiu o Ministério do Trabalho do governo Lula, ele foi obrigado a se afastar do comando da seção paulista e um novo dirigente deverá ser escolhido. Uma reunião está prevista para o próximo mês, quando esse processo começará a ser discutido.

Os nomes colocados até agora para a sucessão de Marinho são os dos deputados estaduais Bebel Noronha e Emidio de Souza e o do deputado federal eleito Kiko Celeguim. Mas as articulações ainda estão em curso e novas alternativas estão sendo estudadas. O processo de escolha não deverá ocorrer por meio de eleição direta entre os filiados, mas de consulta às instâncias partidárias.

Antes de falar dos nomes cotados para a sucessão, no entanto, dirigentes do partido em São Paulo e interlocutores do presidente Lula avaliam ser imperativa a elaboração de um projeto político de médio e longo prazos que busque "rejuvenescer" o PT no estado e manter sua hegemonia à esquerda, ameaçada pelo avanço do PSOL. Além, é claro, de criar as condições para obter sucesso nas eleições municipais de 2024 e chegar ao Palácio dos Bandeirantes pela primeira vez em 2026.

Dificuldades. Os resultados eleitorais de 2022 não foram necessariamente ruins para o PT-SP: 11 deputados federais eleitos e 18 deputados estaduais, e, com Fernando Haddad como candidato a governador, o partido chegou ao segundo turno da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Quem enxerga para além de números e resultados, no entanto, projeta um cenário de dificuldades. A primeira delas é que a bancada federal paulista eleita pelo PT teve pouca diversidade. Dos 11 eleitos, 10 são homens brancos, quase todos com larga rodagem na vida política, ou seja, faltou também juventude.

Em sentido oposto no campo da diversidade, o PSOL elegeu uma bancada federal com maioria feminina, além de Guilherme Boulos ter sido o deputado federal mais votado no Estado, o que o transformou em uma espécie de candidato natural a prefeito da capital paulista em 2024.

Um dirigente petista, em conversa com a coluna, vê como urgente a necessidade de o PT paulista empoderar lideranças jovens, inclusive para se conectar melhor com o ambiente das mídias digitais, tão valorizado na vitória de Lula. Outra questão que demanda atenção é a relação do partido com os movimentos dos negros e das mulheres.

Apesar de Lula ter pedido atenção especial a esses pontos, o PT-SP não conseguiu, por exemplo, eleger como deputado federal o ativista negro Douglas Belchior. A única mulher eleita deputada federal pelo estado foi Juliana Cardoso.

Outro problema para o PT-SP são as carências estruturais. O partido foi despejado de sua sede pela Justiça por conta de dívidas que não foram pagas. Segundo apurou a coluna, será necessária uma gestão de reconstrução para recuperar as contas do partido no estado.

Dos nomes colocados até agora para comandar o partido em São Paulo, Kiko Celeguim tem a seu favor o fato de ser o mais jovem. O ex-prefeito de Franco da Rocha (SP) tem 34 anos. Emidio de Souza tem 63 anos de idade, e Bebel, 62.

Emidio, no entanto, tem a seu favor a experiência de já ter comando o diretório estadual paulista e a boa relação com o presidente Lula. Bebel Noronha, por sua vez, despontou como uma das mais ativas parlamentares do PT na Assembleia.