Andreza Matais

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Reportagem

Setor do petróleo e gás vê com preocupação Mercadante na Petrobras

As críticas públicas do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reverberam o que pensa o presidente Lula (PT) a respeito do seu colega de partido. Lula, que abomina brigas de seus auxiliares pela imprensa, não recriminou seu ministro e ainda deu início à sondagem de nomes para a vaga na petroleira colocando Aloizio Mercadante na concentração. A opção de Lula, porém, não agrada ao setor, segundo apurou a coluna.

A coluna apurou que Mercadante ponderou em conversa com interlocutores que está feliz no BNDES e que foi surpreendido com a possibilidade. Aceitar significará assumir um abacaxi. Razão pela qual está pesando os prós e contras.

Fontes do mercado de petróleo e gás torcem para que Mercadante recuse a oferta. Dizem que no BNDES ele não mexe com o dinheiro privado e que suas ideias econômicas são atrasadas e preocupam.

Nesse grupo, a discussão na Petrobras sobre o pagamento de dividendos extras é considerada espuma. O que preocupa mesmo é a falta de investimentos pela companhia.

Prates tem dificuldades em executar projetos. Um dos mais citados é o Sergipe Águas Profundas, que poderá aumentar em 1/3 a oferta de gás natural no Brasil. O investimento já foi aprovado pela área técnica, mas a gestão Prates tem adiado a execução de uma ação "com potencial de disponibilizar até 18 milhões m³/dia de gás para o mercado consumidor", segundo a própria petroleira.

Para o setor, Prates está mais preocupado em se cacifar para as eleições ao governo do Rio Grande do Norte do que em gerir a empresa. O mesmo se diz do ministro Alexandre Silveira, que está em campanha pelo governo de Minas Gerais. Quem acompanha o setor diz que o país vai ficar sem gás e o presidente da Petrobras está preocupado com dividendos e outros temas desimportantes.

O pagamento extra de dividendos deve voltar à pauta do conselho de administração da Petrobras em breve, mas a coluna apurou que só será aprovado se a área técnica comprovar que não irá comprometer o nível de confiança da empresa.

A assessoria do presidente Lula diz que não comenta entrevistas de ministros e confirma que ele não repreendeu Alexandre Silveira pelas críticas públicas ao presidente da Petrobras.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Silveira disse que um bom presidente da petroleira deveria reunir três características: humildade, discrição e competência. Perguntado se Prates tinha essas qualidades, expôs o que pensa: "Não vou rotular ninguém".

As farpas foram lançadas 23 dias depois de Lula reunir os dois em uma sala e pedir que parassem com as divergências públicas, naquele momento, provocadas pelo não pagamento de dividendos extras aos acionistas. O encontro terminou com uma foto de todos sorridentes, o que pouco tempo depois se mostrou apenas mais uma imagem produzida.

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