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Balaio do Kotscho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bolsonaro faz piada e motociata no Catar; Lula discute aliança com Macron

Bolsonaro gargalha ao fazer piada homofóbica durante solenidade no Bahrein - Reprodução/Twitter/MarioFrias
Bolsonaro gargalha ao fazer piada homofóbica durante solenidade no Bahrein Imagem: Reprodução/Twitter/MarioFrias

Colunista do UOL

17/11/2021 12h49

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"Motociclistas do Brasil, estou no Catar. Fui convidado a dar um passeio de moto na capital. Vamos dar uma volta, uns 30, 40 minutos, e retornar para cá. A febre das motociatas, aquilo que foi plantado no Brasil pelos motociclistas, está pegando e vai pegar no mundo todo", publicou o entusiasmado presidente Jair Bolsonaro em suas redes sociais, com direito a um vídeo de 6 minutos.

Na mesma hora, em Paris, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente francês Emmanuel Macron, com quem discutiu uma aliança entre Mercosul e União Europeia para evitar uma nova Guerra Fria entre Estados Unidos e China, a defesa do meio ambiente e a necessidade da construção de um mundo multipolar.

Na quarta-feira, em outro vídeo, o atual presidente brasileiro aparece dando uma gargalhada, sentado ao lado de Michelle e Flávio Bolsonaro, ao fazer uma piada homofóbica sobre o secretário da Cultura, Mário Frias, ex-ator de "Malhação", enquanto ele assinava um acordo de cooperação entre o Brasil e o Reino do Bahrein.

"Mas ele é hétero, hein!", informou a um dos anfitriões. Percebendo a cena, Frias apontou para Bolsonaro. "Te elogiei aqui, fica tranquilo, te elogiei". Parecia que os dois estavam numa reunião ministerial.

No YouTube do perfil ligado ao filho Carlos, um deslumbrado Bolsonaro mostrou em detalhes os suntuosos aposentos da suíte que lhe foi oferecida pelo Reino do Bahrein, durante sua excursão em busca de petrodólares nas ditaduras monárquicas do Oriente Médio, assim como já havia feito em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

"Preço do apartamento, a diária é R$ 46 mil, né? Isso dá aproximadamente US$ 7 mil, né", pergunta ao ajudante de ordens, no final da gravação.

A agenda de compromissos, os líderes visitados e os assuntos tratados por Bolsonaro e Lula, durante esta semana de viagens dos dois pelo exterior, são tão antagônicos que dão a impressão de termos dois presidentes doo Brasil _ um de fato, e outro de direito.

Recebido pela Guarda de Honra do Palácio do Eliseu, Lula tinha outros assuntos a tratar com Emmanuel Macron.

No encontro de uma hora, os dois discutiram a necessidade de maior cooperação entre os blocos do Mercosul e da União Europeia para fazer frente à ascensão da extrema-direita no mundo e à defesa do meio ambiente, ameaçado pelo aquecimento global.

Lula disse que "a União Europeia é uma das grandes construções da humanidade em busca da paz e que este exemplo de união deve ser seguido por todos que perseguem um mundo mais justo e solidário".

Macron é um dos desafetos do presidente brasileiro na questão ambiental e chegou a vetar qualquer acordo comercial da União Europeia com o Mercosul, enquanto Bolsonaro for presidente, depois de responsabilizar o Brasil pelo "crime de ecocídio".

Até o momento em que escrevo, o governo brasileiro ainda não tinha feito nenhum balanço sobre os resultados concretos do tour pelo Golfo, que começou no sábado passado. Na maior parte do tempo, nas conversas com jornalistas brasileiros, Bolsonaro tratou de assuntos internos do país, da crise na sua filiação ao PL, até a provas do Enem, "com a cara do governo".

Nesse meio tempo, Lula esteve com o futuro chanceler Olaf Scholz, sucessor de Angela Merkel, na Alemanha, e fez conferências no Parlamento Europeu e em universidades, onde foi aplaudido de pé, sobre o lugar do Brasil no futuro do mundo.

Pouco depois de chegar à França, na quarta-feira, Lula tinha sido recebido em almoço pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que já havia lhe concedido o título de cidadão honorário em outra viagem.

Bolsonaro, acompanhado de grande comitiva, foi recebido por reis e príncipes no mundo árabe, comeu rodízio numa churrascaria brasileira, mas não há notícias sobre o que eles conversaram e os negócios que já fecharam.

Lula viaja com os ex-ministros Celso Amorim e Aloísio Mercadante, que estão trabalhando no seu programa de governo.

Vida que recomeça!

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Em tempo: desde que este Balaio entrou no ar pela primeira vez, no dia 11 de setembro de 2008, sempre encerro os meus textos com o registro da "vida que segue", apesar de tudo, que copiei das colunas do velho João Saldanha no JB, com autorização da viúva, a querida Maria Silvia.

A partir de hoje, com a pandemia chegando ao fim, e tudo voltando ao normal, vou terminar com uma mensagem de esperança: "vida que recomeça". É justo.